O dólar voltou a cair e terminou esta sexta-feira (19) em baixa de 0,34%, a R$ 3,7151. A moeda americana acumulou queda de 1,62% na semana, a terceira consecutiva de desvalorização, influenciada principalmente pelo cenário eleitoral. No mês, a divisa cai 8,29%. Nesta sexta, além de monitorar os desdobramentos da campanha presidencial, a perda de fôlego do dólar ante outras moedas de mercados emergentes, como África do Sul, Argentina e Rússia, e de países desenvolvidos ajudou a retirar pressão no mercado de câmbio.
Após o estresse causado no final da tarde desta quinta-feira (18), quando o dólar acelerou a alta em meio a rumores sobre o que deve acontecer com o comando do Banco Central em um eventual governo de Jair Bolsonaro (PSL), o dólar voltou nesta sexta na abertura dos negócios a cair abaixo de R$ 3,70. Na mínima do dia, bateu em R$ 3,6878. Operadores ressaltam que neste momento o dólar abaixo do patamar de R$ 3,70 é considerado "barato" e atrai compradores assim que chega nesse nível, seja importadores, fundos de investimento ou tesourarias.
Estrategistas do banco americano JPMorgan destacam nesta sexta-feira que a menor incerteza política está levando investidores estrangeiros a aumentarem a exposição ao real. A moeda brasileira e o peso argentino, ressalta o JP, foram as exceções na América Latina, pois em outros mercados os investidores reduziram sua exposição. O banco observa que o mercado está confiante que Bolsonaro vai implementar medidas de ajuste fiscal e reformas estruturais, mas a incerteza sobre o que o capitão reformado do Exército vai de fato fazer permanece alta.
O dólar na casa dos R$ 3,70 é o que seria apropriado neste momento para a moeda americana, considerando os fundamentos do Brasil atualmente, de acordo com o JPMorgan. Por isso, a avaliação do banco é que os ganhos com a moeda brasileira no curto prazo podem ser limitados. Mesmo assim, os estrategistas ressaltam que posições montadas no mercado futuro prevendo um cenário pessimista para o Brasil nas eleições continuam sendo desfeitas.
O economista-chefe da Capital Economics, William Jackson, avalia que Bolsonaro tem relativizado seu discurso sobre medidas fiscais, especialmente sobre a reforma da Previdência, e também sobre as privatizações. Essa sinalização, se mantida caso ele seja eleito presidente, pode acabar com a animação do mercado, dada a situação ruim das contas fiscais brasileiras, destaca ele Para o curto prazo, Jackson prevê o dólar na casa dos R$ 3,75, mas a moeda pode subir para R$ 4,25 em 2019 se Bolsonaro não conseguir avançar com o corte de gastos públicos.