Criadores de caprinos não fazem ideia, mas podem ter um tesouro ao alcance das mãos. É que algumas raças nascidas no Brasil, com tronco africanos e europeus, podem produzir a fibra de cashmere mais fina do mundo, um produto de luxo do mercado têxtil. A descoberta foi feita pela zootecnista, doutora em ciências e executiva Lia Coelho, que está ajudando a Paraíba hoje a desenvolver um projeto de identificação dos animais. O objetivo é expandir a ideia para outros Estados e formar um mercado da fibra de cashmere brasileira.
Leia Também
“Aqui, conseguimos uma finura entre 8.46 e 12 micrômetros. Artigos falam que, no exterior, a média é de 16 micrômetros. Quanto mais fino e branco, mais valorizado. Raças nascidas no Brasil são capazes de produzir essa fibra fina, são caprinos em geral, com várias composições raciais, em qualquer nível de produção”, explica Lia Coelho, que pesquisou o tema por sete anos no Brasil, fez treinamento de análise de material e defendeu vários artigos sobre o tema em cinco países.
Com exceção do ser humano, todo mamífero produz dois folículos, o primário e o secundário. Dentro do folículo secundário, é produzida a fibra, que pode ser coletada uma vez por ano pelo produtor.
Segundo Lia, a cashmere ficou conhecida como a fibra dos reis depois que uma meia do material foi dada de presente ao rei da Caxemira para que ele esquentasse os pés. Daí veio o nome do tecido. O valor do quilo da fibra de cashmere produzida no exterior chega a US$ 121, de acordo com Lia Coelho.
PROJETO
Em um País como o Brasil, que possui dez milhões de cabeças de caprinos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o potencial é enorme. Em Pernambuco, são mais de dois milhões de caprinos. Mas ainda há um longo caminho para ser percorrido. É preciso que um decreto presidencial reconheça o insumo como uma fibra nacional para que ganhe valor no mercado.
“O produto final ainda não está no mercado, não se tornou desejo das pessoas. Quando se tornar desejo, o preço provavelmente vai aumentar. A fibra de cashmere brasileira ainda não é precificada. Eu tive acesso ao governo da Paraíba para fazer um projeto interno deles, para que a gente descubra quais são os animais que são produtores, os criadores. Vamos fazer uma identificação na Paraíba, mas que pode se estender a outros Estados. Quanto mais gente entrar em contato comigo de outros governos, mais produto eu vou ter pra colocar no mercado e assim o comércio começa”, justifica. É possível entrar em contato com Lia através do e-mail liascoelho@gmail.com.