Pirâmides

Telexfree acelera adesão de brasileiros no exterior

Para driblar bloqueio judicial, brasileiros buscam coligadas em países como Portugal, Peru e Estados Unidos

Giovanni Sandes
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Publicado em 22/01/2014 às 0:20
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Para driblar bloqueio judicial, brasileiros buscam coligadas em países como Portugal, Peru e Estados Unidos - FOTO: Reprodução da internet
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A corrida de investidores para a Telexfree Internacional acelerou e já deixa em alerta autoridades e órgãos de proteção ao consumidor de outros países. Para driblar o bloqueio judicial que paralisou a Ympactus Comercial, razão social da companhia no Brasil, muitos brasileiros buscaram coligadas da Telexfree no exterior, em países como Portugal, Peru e Estados Unidos – onde os habitantes também investem no negócio. Segundo a RTP, a TV Pública de Portugal, já são 41 mil adesões na Telexfree na Ilha da Madeira, uma movimentação de 55 milhões (R$ 174 milhões). O valor foi apurado em uma troca de informações entre o Fisco português e o espanhol.

A empresa voltou a chamar atenção quando, no início do mês, anunciou o polêmico patrocínio ao Botafogo na temporada 2014. A logomarca dela estará na camisa dos jogadores durante todo o ano.

A principal preocupação dos órgãos de proteção ao consumidor é que, em caso de problemas legais da base internacional da empresa, os investidores precisarão constituir advogados fora do Brasil. A Justiça de um País não alcança outro território nacional, uma limitação que a internet, por onde a Telexfree se multiplica, não tem.

A empresa gerou polêmica por ser considerada a maior pirâmide financeira do Brasil. Ela atraiu mais de 1 milhão de pessoas com a promessa de lucros altos. Quem comprasse pacotes de ligações pela internet, o chamado sistema VoIP, poderia lucrar sem fazer uma única venda. O lucro era turbinado para quem atraísse novas pessoas para a empresa.

Para diversos órgãos e autoridades no Brasil, o esquema era uma pirâmide, crime previsto em lei, por se manter da entrada de novas pessoas. Quando não houvesse mais interessados, mais de 70% dos investidores teriam perdas.

Em 18 de junho passado, a Justiça do Acre paralisou a Ympactus, razão social brasileira criada no início de 2012. Nas contas dela havia R$ 659 milhões. A questão é que, antes de operar, a companhia já havia criado uma intrincada rede de empresas, com as mesmas pessoas se revezando como sócios, conforme a razão social, o registro e o País analisado.

“A Telexfree Internacional nunca parou. Quando aderi à dos Estados Unidos, cadastrava cinco pessoas por semana. Agora já cadastro até 15 em um dia”, afirma um divulgador, morador de Olinda, que prefere não ser identificado.

“Quando a empresa foi bloqueada no Brasil, os ‘top líderes’ migraram e levaram muita gente junto. Pela minha rede, eu diria que 10% do pessoal no Brasil aderiu à Telexfree Internacional. Tenho pessoas cadastradas em Portugal e na Espanha, por exemplo”, diz o divulgador.

Mas a empresa também cresce com a adesão real de estrangeiros. A TV Pública de Portugal veiculou no último sábado uma reportagem em que são relatadas histórias similares àquelas vistas no Brasil: adesão de gente de todas as classes sociais, de funcionários públicos a empresários , incluindo relatos de gente que largou o emprego para se dedicar só à Telexfree.

 

Confira a íntegra da reportagem, incluindo novidades sobre o caso Priples, na edição desta quarta (22) do Jornal do Commercio.

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