A dor de cabeça que a Alusa Engenharia está causando em milhares de trabalhadores não se restringe a consequências causadas pelo atraso do salário e do vale-alimentação, por exemplo. Envolve também o plano de saúde. Grávida de quase cinco meses do primeiro filho, Priscila Vieira, 31 anos, sempre compareceu às sessões do pré-natal para acompanhar a saúde do bebê, mas as próximas poderão não acontecer. Isso porque o plano do esposo Cássio Silva, 33, ex-funcionário da empresa, de quem é dependente, foi cancelado há 17 dias – um problema que preocupa o casal do bairro de Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife.
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“Estou preocupada porque não sei nem se vou fazer o pré-natal previsto para este mês”, lamenta Priscila, que descobriu que será mãe de uma menina há sete dias e, como já estava sem o plano, precisou pagar R$ 150. Ela conta que o valor para um parto particular custaria cerca de R$ 6 mil, segundo cálculos da obstetra que a acompanha desde o início da gestação. “E é somente a equipe da doutora com mais três médicos, fora o hospital, as consultas, que custam uns R$ 300, e os exames”, destaca Priscila, que decidia fazer o parto entre dois hospitais particulares do Recife.
Além da esposa, Cássio, que trabalhou na Alusa durante dois anos e três meses, também se prejudicou. Ele soube do cancelamento do plano ao tentar fazer o primeiro exame para checar o comportamento de uma cirurgia feita em abril deste ano. “Fui na empresa e perguntei ao vigilante se tinha alguém do setor responsável, mas ele disse que não tinha ninguém”, conta.
Fui na empresa e perguntei ao vigilante se tinha alguém do setor responsável, mas ele disse que não
Cássio Silva, ex-funcionário da Alusa
Cássio diz que o salário de R$ 2,6 mil que recebia como mecânico montador está atrasado desde o dia 5 de novembro. Até essa quinta-feira, às vésperas do pagamento do mês seguinte, o dinheiro ainda não havia sido depositado. “A reserva que eu tinha está indo embora com despesas como água, luz e alimentação”, lamenta. “Precisamos de uma solução”, reclama a esposa, que é frentista e recebe um salário mínimo (R$ 724).
Advogada Rosilda Patriota entrou com ação judicial (Foto: Divulgação)
Na tentativa de solucionar o problema, a advogada da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), Rosilda Patriota, entrou com um processo na Justiça nessa terça-feira. “O juiz exigiu a comprovação do pagamento do plano de saúde num prazo de dez dias, mas isso é inconcebível, pois o pagamento do serviço é feito pela Alusa”, defende Patriota, que recorreu da decisão.
Por meio de nota, a Alusa garantiu que “não houve nenhum corte dos planos de saúde”, mas a Bradesco Saúde esclareceu, também por nota, que “recebeu notificação da empresa contratante solicitando o cancelamento da apólice no qual participam os beneficiários da empresa RNest”.