Em tempos de crise, começar a oferecer um produto que não existe no mercado pode ser um diferencial. Acreditando nessa ideia, o empresário do setor de educação, Wagner Frazão, fundou a startup Eduvoucher, uma empresa que vai comercializar vouchers que podem ser usados para bancar cursos de educação básica, superior, Mestrado em Administração de Negócios (MBA), de idiomas, técnicos e até profissionalizantes. Frazão acredita que os dois públicos-alvos em que a iniciativa pode fazer mais sucesso são o mercado corporativo e governos.
“Oferecer esses vouchers para os funcionários pode contribuir para reter talentos nas companhias. É um salário indireto oferecido aos colaboradores e dependentes, que acaba se transformando em mais uma vantagem: o aumento da motivação”, conta. Segundo ele, não incidem encargos sobre os vouchers. “Caso a companhia pague imposto de renda pelo lucro real, os vouchers podem diminuir a base de cálculo que indica a incidência de impostos”, explica, acrescentando que investir em educação também é uma ação de responsabilidade social que agrega elementos positivos à imagem de qualquer empresa.
Num primeiro momento, os vouchers não serão mais caros do que as mensalidades pagas pelos demais alunos. “No entanto, com o tempo, acreditamos que as mensalidades dos cursos podem sair mais baratas, porque acreditamos que as escolas vão dar descontos para compras em grande quantidade, que serão repassadas aos nossos clientes finais”, resume.
Outro grande foco desse serviço podem ser os governos. “As administrações (federal, estadual e municipal) gastaram 6,6% do Produto Interno Bruto (PIB) com educação pública em 2013. Isso significa R$ 360 bilhões. E a educação pública é precária e deixa a desejar. A Prefeitura da Cidade do Recife gastou R$ 776 milhões com educação no município em 2015. Quando se divide pelo número de alunos dá R$ 728 por mês com cada criança na rede municipal. É um gasto elevado com um resultado educacional, geralmente, baixo. A aquisição do voucher reduziria o gasto per capita com o aluno da rede pública, melhorando a qualidade do ensino ofertado pelo poder público”, diz.
Mas como funciona a Eduvoucher? As empresas, governos ou até mesmo uma pessoa física ou jurídica podem adquirir um voucher educacional para um estudante/funcionário/colaborador por meio do site da Eduvoucher. Com o voucher em mãos, o aluno se dirige para a instituição educacional e faz o pagamento do seu curso. O voucher poderá ser no valor integral ou parcial da mensalidade da instituição de ensino. Quando o voucher é no valor parcial, o aluno bancará a diferença.
“A escolha da instituição é livre. O aluno (ou os seus pais) pode escolher a escola ou faculdade que melhor atenda às suas preferências pessoais, tais como proposta pedagógica, estrutura de ensino, tipo de curso, localização e valores culturais”, descreve Wagner Frazão. Ele diz que serviu de inspiração à criação da empresa experiências realizadas nos Estados Unidos, Canadá, Suécia e Chile que surgiram para patrocinar a educação pública desde a década de 50. “O sistema de voucher educacional foi concebido pelo economista Milton Friedman nos anos de 50 como uma alternativa para aperfeiçoamento da educação pública nos EUA, baseado na liberdade de escolha das famílias”, finaliza.
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INTEGRAÇÃO - Wagner diz que deseja ser o Uber da educação. “O Uber não tem um táxi nem um carro e quase não tem funcionários. A Eduvoucher quer criar uma plataforma onde empresas, pessoas e patrocinadores (pessoas físicas ou jurídicas) consigam aumentar o acesso à educação de qualidade no Brasil”, revela.
A estrutura da Eduvoucher é hiperenxuta e o principal investimento foi a criação de uma plataforma digital. O empresário atua na área de educação há 16 anos e é um dos sócios da Faculdade Europeia de Administração e Marketing, que tem cerca de 600 alunos e está localizada no Bairro de Piedade em Jaboatão dos Guararapes.