Desemprego e renda em queda afetam comércio no final do ano

Nem as vendas do natal e do ano novo serão suficientes para sinalizar uma leve recuperação do comércio
JC Online
Publicado em 13/12/2016 às 12:28
Nem as vendas do natal e do ano novo serão suficientes para sinalizar uma leve recuperação do comércio Foto: Foto: Lorena Barros/NE10


O ano não foi fácil para o comércio. A expectativa de vendas dos empresários mostra que a última esperança de melhorar os números de 2016 não vai se cumprir. O movimento deve cair 2,7% em média no Estado durante Natal e réveillon – as datas mais importantes para o setor. Desemprego, endividamento e queda na renda são os motivos apontados por comerciantes e pelos próprios consumidores para um fim de ano com ainda menos presentes e festas que o comemorado em 2015.

Os números foram apurados pela pesquisa do Instituto Fecomércio-PE em parceria com o Sebrae em Pernambuco e Ceplan, em que foram entrevistados empresários e consumidores de todas as regiões do Estado. “Havia uma esperança de que o segundo semestre esboçasse o começo de uma reação, o que não aconteceu. Com a melhora da inflação e a redução dos juros, a expectativa é que esse acumulado negativo só seja revertido no segundo semestre de 2018”, diz o economista da Fecomércio-PE Rafael Ramos.

A queda de expectativa foi ainda maior entre os empresários do segmento de serviços, com -6,4%. Na Região Metropolitana do Recife, este último número foi ainda mais acentuado: -8,3%. “Os números são piores na Região Metropolitana porque é a região que concentra a maior quantidade de municípios que mais tiveram aumento no desemprego”, justifica Ramos. Ele destaca que, no sentido oposto, o Sertão apresentou apenas projeções positivas, impulsionadas pelas exportações da fruticultura no entorno de Petrolina.

No fim do ano passado, 62,4% das pessoas entrevistadas pretendiam comemorar Natal e Ano Novo. Este ano o resultado foi menor (57,9%) e representou apenas metade dos consumidores do Recife (49,9%). Ao todo, 18,4% dos pernambucanos afirmaram que não irão comemorar nenhuma das duas datas, apontando como principais motivos o desemprego, endividamento e pouco dinheiro, 33,7%, 28,7% e 22,9%, respectivamente.

Segundo o último levantamento divulgado pelo IBGE, referente ao trimestre encerrado em outubro, Pernambuco apresenta a segunda maior taxa de desemprego do País, equivalente a 15,3%. O percentual fica atrás apenas do registrado na Bahia (15,9%) e é superior aos 11,8% referentes à média nacional. 

Consumidor

A redução da renda diante do desemprego e da corrosão do poder de compra da população também teve efeito sobre os consumidores que pretendem celebrar as datas. O tíquete médio, segundo a pesquisa, passou de R$ 254 no ano passado para R$ 232 este ano, uma queda de 8,7% no Estado. No Recife, a queda foi bem maior: 18,7%, equivalente a uma intenção de gastar R$ 252 agora em dezembro. 

A forma de pagamento também sofreu mudanças. “Seja porque já está endividado, desempregado ou por não ter mais o mesmo acesso ao crédito, o consumidor está com intenção menor de usar o cartão”, analisa o economista. Somando pagamentos em dinheiro e cartão de débito, as compras à vista representam 67,9% das compras dos pernambucanos.

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