Hoje é dia de beber estrelas, como teria dito o monge beneditino Dom Pérignon, quando bebeu champagne pela primeira vez. No Brasil, nem mesmo a crise vai impedir as famílias brasileiras de brindar o ano-novo, mesmo que seja com o bom e velho espumante. Embora o produto tenha sofrido alta de 15% no valor final, por causa do aumento da tributação, alguns vendedores apostam no crescimento de 10% na venda da bebida neste mês, na comparação com o mesmo período de 2015. Para se adaptar ao período de retração no consumo, lojas especializadas e supermercados estão dando descontos de até 15% nos produtos. E ainda dá tempo de comprar o espumante para regar as comemorações. Alguns estabelecimentos vão ficar abertos até as 20h hoje.
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de bebidas quentes, como espumantes, vinho e whisky, aumentou 10% em dezembro do ano passado. Também em 2015, a taxa cambial subiu 30%. Segundo a Associação Brasileira de Importadores e Exportadores de Alimentos e Bebidas (A.B.B.A), isso causou queda na importação de 20% de espumantes.
Mesmo assim, há produtos para todos os bolsos. O Jornal do Commercio conversou com representantes de cinco estabelecimentos que comercializam o produto e constatou preços entre R$ 16 e R$ 1.400. Os vinhos nacionais apresentam os valores mais vantajosos. Do lado dos importados, há grande variedade: francês, italiano, chileno, entre outras nacionalidades. Uma novidade no mercado é o espumante Maria Izabel Brut 2014, produzido na Quinta Maria Izabel, localizada no Douro, em Portugal.
Na Ingá Vinhos Finos, o mês deve fechar com alta de 10% na demanda. A movimentação intensa surpreendeu um dos donos, Cláudio Vieira, por causa das dificuldades enfrentadas durante o ano. “Em 2016, houve queda na safra de uva no Sul do País, devido a problemas climáticos, além do aumento da tributação. Ao longo do ano mantivemos o faturamento de 2015. Agora, para o fim do ano, conseguimos negociar com fornecedores para oferecer preços especiais. Alcançamos bons resultados com isso”, afirma Claudio. Nas lojas da rede, os preços variam entre R$ 19,90 e R$ 390. As lojas, localizadas na Rua do Futuro, Avenida Domingos Ferreira e no Ceasa, ficarão abertas hoje das 9h às 17h.
O RM Express também aposta em promoções. A rede está dando descontos entre 10% e 15% em dez itens do setor de espumantes. “Ao longo desse ano, estávamos com uma sensação negativa. Foi uma surpresa a movimentação do fim do ano. Provavelmente, não teremos queda, o que é um bom cenário”, comenta o gerente geral, Eliezer Domingos. As unidades da rede abrem às 7h e fecham às 20h.
Por causa do aumento nos preços, a Distribuição e Logística de Pernambuco (DLP), na Avenida Abdias de Carvalho, diminuiu a compra de importados. “Estamos comprando menos importados, por causa do aumento no preço. Hoje, a champagne mais barata custa R$ 280. Ano passado, estava por volta de R$ 180. Em 2016, devemos vender cerca de 800 champagne no ano, a mesma quantidade vendida em 2015”, diz o gerente, Antônio Ribeiro. O produto da linha mais caro custa R$ 1.233. O funcionamento no local é das 9h às 14h.
Mas a verdade é que os consumidores estão substituindo produtos para economizar. “Eu gosto muito de espumante, compro todo mês. O réveillon só acentua esse clima. Estou substituindo produtos, porque o preço dos importados ficou muito caro”, afirma o advogado Edil Batista. “Estou pesquisando preços. Espumante é para amigo secreto e para brindar em casa. Já comprei 4, todos do Vale do São Francisco. Gosto de valorizar produtos da terra”, diz a auxiliar administrativa Liana Araújo.
Os comerciantes perceberam a mudança. “Os clientes estão procurando espumantes mais baratos, como os nacionais, chilenos, portugueses e espanhóis”, comenta a diretora da Casa dos Frios, Mirella Dias. “Esperamos movimento intenso até no dia 31”, complementa. Hoje, a loja abre das 8h às 20h.
Na Lancomex, os preços dos espumantes nacionais variam entre R$ 30 e R$ 120. Já os importados custam de R$ 70 a R$ 300. “Nós deixamos de trabalhar com os produtos que ficaram muito caro. O espumante nacional é um produto de boa qualidade. Como o importado ficou mais caro, o nacional está mais atrativo para o consumidor”, afirma um dos sócios da empresa, Luiz Filho. A Lancomex tem duas sedes, uma na Rua José da Silva Lucena, em Boa Viagem, e na Avenida Rui Barbosa, nas Graças. O horário de funcionamento é das 9h às 14h.
Presidente do Instituto do Vinho do Vale do São Francisco, José Gualberto espera que a produção anual das cinco vinícolas da região ultrapasse as 30 mil caixas de espumantes do ano passado. “A demanda para o fim do ano representa metade da produção anual. O que é produzido no Vale do São Francisco é vendido no Brasil todo”, comenta.