Com um faturamento de R$ 163 bilhões em 2017, o setor de franquias tem atraído cada vez mais a atenção dos jovens empreendedores. No ano passado, pessoas com idades entre 18 e 30 anos passaram a representar 8% do total dos franqueados no Brasil, apostando, entre outros fatores, na credibilidade de uma marca já consolidada no mercado e na possibilidade de custos reduzidos para se lançarem em um primeiro negócio.
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Diego Castro, 28 anos, é um exemplo. Há três anos, ele criou a sua própria rede de franquias: a PremiaPão. Mesmo com a crise, somente em 2017, a empresa cresceu 90% e hoje conta com 380 unidades em todo o País. “Comecei como franqueado de outra rede e acabei criando a Premiapão. Fomos a rede de franquia que mais cresceu em todo o Brasil entre 2016 e 2017, saindo de quatro unidades para mais de 300. Ainda que o mercado estivesse muito instável, coloquei tudo na ponta do lápis e percebi que valia pena”, comenta. O negócio, que consiste na produção de embalagens com espaço publicitário, tem investimento inicial de R$ 12 mil e envolve um trabalho de Home-Based (em casa), sem necessidade de estrutura física nem estoque. No entanto, é oferecido treinamento online de vendas, marketing, administração financeira e publicidade.
De acordo com Victor Abreu, analista de franquias do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as franquias são uma boa alternativa como primeiro negócio pelo fato de incluírem empreendedores não tão experientes no mercado já com os benefícios de uma marca consolidada. “O fundamental é avaliar todos os gastos que uma franquia pode gerar e compará-los, por exemplo, com os custos da criação de uma empresa. Há uma procura crescente por franquias, sobretudo desde o ano passado, por um contexto que envolve a alta taxa de demissões no País. No caso dos jovens, é preciso entender que a franquia, por muitas vezes, encaixa-se como alternativa por justamente facilitar a vida de quem não tem muita experiência e entra no mundo dos negócios em busca de apoio e de uma marca e produto já aceitos no mercado”, diz ele.
De olho nessa ‘aceitação’, Felipe Carauta, 26, apostou no ramo dos sorvetes e picolés como franqueado da marca Degusta. Primeiro negócio administrado pelo jovem, a franquia, localizada no bairro de Casa Forte, custou R$ 180 mil, montante que, segundo o planejamento dele, deve ser recuperado ao longo dos próximos dois anos e representa bem menos do que o gasto com a abertura de uma empresa. “Entre as taxas que paguei, estão valores relacionados ao uso da marca (R$ 30 mil) e a royalties (4%) cobrados geralmente em cima do faturamento. Mesmo assim, acredito que será mais fácil recuperar o investimento”, aponta.
Dados da ABF indicam que no primeiro trimestre de 2018 as franquias faturaram 5,1% a mais do que no mesmo período do ano passado. Entre as 50 maiores redes de franquias, há a predominância dos setores de Alimentação (34%) e Serviços Educacionais (18%). Já o segmento de saúde, beleza e bem-estar cresceu de 12% para 16%. O Nordeste já representa cerca de 15% do setor, e Pernambuco é um dos Estados que mantêm o mercado aquecido. “Recife foi o segundo lugar no número de crescimento de franquias no Brasil se compararmos o último trimestre de 2017 com o de 2016. Estamos falando de um crescimento de 13,5%”, afirma o presidente da ABF no Nordeste, Leonardo Lamartine.
Vantagem
Outra barganha das franquias é a facilidade para negociação com os proprietários das redes. Estudante de administração, Luis Henrique da Fonte, 22, resolveu se unir a um amigo para se tornar franqueado da rede Açaí no Ponto, e acabou conseguindo a conversão até mesmo dos custos. “Conseguimos fazer um acordo para iniciar as operações do nosso quiosque no Plaza Shopping. Entramos com um valor que foi convertido em produtos para a venda, ao invés de pagar pelos royalties, os custos pelo uso da marca e da própria mercadoria. Essa vantagem foi justamente o que nos possibilitou dar início a um negócio”, confirma.