Desde 2009, o Complexo de Suape deixou de embarcar volumes significativos de frutas do Vale de São Francisco para o mercado internacional. Vários motivos fizeram com que outros portos do Nordeste assumissem esse espaço, fazendo com que a participação de Suape caísse de 26% naquela época para ínfimos 0,5%, atualmente. Ao longo desses quase dez anos, Suape fez algumas tentativas de retomar essa carga de exportação para o Estado, mas não teve sucesso. Na última quinta-feira, uma comitiva do governo do Estado e do Tecon Suape participou de reunião com os produtores de frutas, em Petrolina.
“Houve um momento em que o Porto de Suape deixou de dar um tratamento adequado às exportações de frutas. Tivemos problemas com agentes reguladores (Ministério da Agricultura, Receita Federal) e com a falta de priorização da carga. Isso acabou inviabilizando a exportação por Suape, porque cada dia a mais no porto pode significar prejuízo no caso das cargas de frutas. O desafio agora é oferecer condições atrativas para que os donos dos navios revejam seus planos para voltar a ter escalas para embarcar frutas para Estados Unidos e Europa”, observa o gerente executivo da Valexport, Tássio Lustoza, dizendo que é importante o esforço do governo de Pernambuco para recuperar esse tipo de carga.
A conversa com os produtores contou com a participação do presidente do Tecon Suape, Javier Ramirez, que se comprometeu a elaborar um plano de ação para voltar a tornar o terminal atrativo para os exportadores. “Convidamos os empresários para fazer uma visita ao Tecon e participar de uma nova reunião. Num momento seguinte também vamos convidar os armadores (donos dos navios) para a discussão”, adianta, destacando que ficou satisfeito com a receptividade dos exportadores. O executivo diz que ouviu todos os problemas apontados pelos empresários e também tentou derrubar alguns mitos sobre o Tecon, como por exemplo o de que a tarifa é cara.
De acordo com a Valexport, hoje o Porto de Natal é o que mais embarca as frutas do Vale para os Estados Unidos e a Europa, com 35% de participação, seguido por Salvador (30%) e Pecém (27%). “O valor do frete terrestre e do transporte marítimo não se diferencial muito entre os portos. A diferença está no tratamento que dão à fruta. Natal, por exemplo, é um porto que prioriza a fruta e na escala a carga já sai direto para a Europa, sem precisar passar por outros terminais no Nordeste. Isso faz diferença porque a fruta tem um tempo curto da colheita até o consumo”, destaca.