Impressionado com a possibilidade de ganhos em torno de 12% ao mês, um empresário recifense de 28 anos, que prefere não se identificar, decidiu investir em bitcoin, a mais famosa das moedas virtuais. Para isso, cedeu à oferta de um agente. Não deu certo. O esquema de aplicações, mediado por uma pessoa que se apresentava como uma espécie de “gestor de um fundo de ações” em uma empresa de pequeno porte que leva seu nome, agora está sendo investigado pela Polícia Civil. O corretor cobrava uma comissão de 5% em cima do lucro dos clientes. Entre anteontem e ontem, ao menos 12 pessoas procuraram a Delegacia de Repressão ao Estelionato, em Afogados, na Zona Oeste da cidade, denunciando que o corretor desapareceu com valores investidos.
“Entre o final de 2017 e o começo de 2018, boom do bitcoin, um parente me falou sobre o esquema, disse que estava tendo resultados com as aplicações, me mostrou as planilhas que eram enviadas. Ele investiu R$ 40 mil e chegou a retirar R$ 200 mil. Realmente houve lucro. Eu sei porque eu vi o que ele fez com o dinheiro”, conta o empresário.
Mesmo confiando no resultado obtido pelo familiar na empreitada, ele diz que só passou a fazer parte do esquema após pesquisar sobre o corretor. “Pesquisei, conhecia gente que já tinha retirado dinheiro, fui atrás do CNP
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Na primeira semana, segundo o empresário, o investimento de R$ 8 mil rendeu 10%. Na última planilha enviada pelo corretor, no último contato entre eles, na segunda-feira (11), chegava a 81%. “Já liguei, já tentei falar, mas ele não respondeu. Será muito difícil reaver o dinheiro”, disse. Para o empresário, essa forma de investimento em criptomoeda não é mais uma opção. “Vou procurar algo mais seguro como o Tesouro Direto. O canto da sereia foi sedutor, mas agora a lição foi aprendida.”
Após ter investido um valor um pouco menor, R$ 5 mil, um engenheiro de 28 anos, que também prefere não se identificar, pretendia retirar o dinheiro e sair do esquema de aplicações. “Meu amigo já fazia e o pessoal dizia que estava bom. Em janeiro, comecei a investir. Ele enviava semanalmente as planilhas com o rendimento. No dia 8, recebi a última. O rendimento estava aquém do esperado e eu ia parar”, explica.
Ele conta que o valor, considerado baixo em comparação com os R$ 40 mil depositados por um amigo, foi uma aposta. “Não costumo investir em criptomoedas, optei por um valor baixo para sentir como era. Agora, não pretendo mais investir dessa forma.”
Na Delegacia de Repressão ao Estelionato, o caso está sob responsabilidade do delegado Rômulo Aires. Segundo ele, as pessoas que se sentiram lesadas e já registraram Boletim de Ocorrência queixaram-se da perda de valores variados, alguns ultrapassam R$ 100 mil.
Para o delegado, ainda é cedo para saber se trata-se de um golpe. “É prematuro dizer que houve crime de estelionato porque ele já fazia essas operações. Temos que fazer a ouvida.”
De acordo com Rômulo Aires, o advogado do corretor entrou em contato para informar que ele não fugiu, mas teve um surto e está internado. Até o fechamento desta edição, a reportagem não conseguiu contato através do telefone informado pelo corretor no contrato de prestação de serviços enviado aos clientes.