Microcrédito

Banco do Nordeste espera demanda maior pelo microcrédito em 2019

Demanda por microcrédito começa a dar sinais de que pode ter um impulso a partir da recuperação da economia

JC Online
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Publicado em 28/03/2019 às 20:39
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Demanda por microcrédito começa a dar sinais de que pode ter um impulso a partir da recuperação da economia - FOTO: Léo Motta / JC Imagem
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A demanda por microcrédito começa a dar sinais de que pode ter um impulso a partir da recuperação da economia, após acompanhar a perda de dinamismo dos negócios no Brasil a partir de 2014.

No Nordeste, a avenida para o potencial crescimento é longa. Maior banco de microcrédito na América Latina, o Banco do Nordeste (BNB) estima que exista pelo menos 10 milhões de trabalhadores informais no Brasil que ainda estão fora do sistema financeiro. Se o recorte for nacional, esse número sobe para R$ 40 milhões.

Durante os anos mais duros da crise – de 2015 a 2017 – não houve no Brasil o “empreendedorismo por sobrevivência”, afirma Alex Araújo, superintendente de micro finanças e agricultura familiar do BNB. Pelo menos, não a ponto de se refletir em um aumento da demanda de microcrédito, que permaneceu estável na área de atuação do BNB, com volume anual de recursos emprestados por volta R$ 8 bilhões. “Com o mercado consumidor menor, até o informais se reduziram. O mercado é o mesmo”, explica Araújo.

Em 2018, no entanto, já foi possível observar uma desacomodação desse patamar, com o total de desembolsos de microcrédito subindo para R$ 8,9 bilhões, crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior. A expectativa do banco, que responde por 62% do microcrédito produtivo no País, é crescer entre 15% a 20% esse ano no Nordeste e desembolsar cerca de R$ 11 bilhões com recursos da própria tesouraria. O dinheiro do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), operado pelo BNB, fica para empréstimos de longo prazo. “Obviamente, o polo de confecção tem uma reação mais rápida, pois antecede a indústria”, diz Araújo.

Especificamente no Agreste de Pernambuco, onde se localiza o polo de confecções, o BNB emprestou R$ 44 milhões no ano passado em microcrédito. Trata-se de um crescimento de 9,4%. “Esse crescimento no Agreste aconteceu em todo o Nordeste, nesse ritmo”, diz.

Além da recuperação do mercado consumidor, outra mola pode impulsionar o microcrédito daqui para frente. Com a redução da oportunidade de emprego formal, a partir de movimentos de mudanças no mercado de trabalho, o empreendedorismo é uma alternativa existente. Por tabela, aumentaria também a demanda por microcrédito, explica Araújo.

CEAPE

O Agreste já é a região com maior peso na carteira do Ceape, representando mais de 54%. Na virada do século, essa fatia era de apenas 20%.

José Ventura, diretor executivo do Ceape, diz que a meta é emprestar R$ 28 milhões esse ano, alta de 3,7% em relação ao ano passado. “O crescimento é diretamente proporcional às alegrias e dores da economia. O momento é politicamente de incerteza, com altos e baixos. Quando a economia sofre desse jeito, os grandes bancos se retraem e aí entra a gente”, diz.

Os juros médios cobrado pelo Ceape é 2,2% ao mês e análise de crédito ocorre em 48 horas. Como pré- requisito, é exigido apenas que o empreendedor tenha mais de seis meses na operação do seu negócio. Não há serviço terceirizado de cobrança. “O cobrador do nosso crédito somos nós mesmo, esse é o melhor cobrador. O pagador está consciente de que se pagar tudo, vai ter garantido mais crédito”, explica. Ventura.

Ele ressalta que a operação do Ceape está em uma fase “espetacular” de baixa inadimplência. Na média, ela fica em 2,5%, mas em fevereiro bateu 1,79%. “Em momentos mais difíceis, chegou a 4,5%, mas nunca deixamos passar de 5%.

 

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