Atualizada às 17h33
A chegada das manchas de óleo em 16 praias do Litoral Sul representa não apenas uma ameaça ambiental, mas também um perigo para a economia de verão, época de turismo mais forte em Pernambuco. O material mais espesso foi encontrado na tarde da última quinta-feira (17) e na manhã desta sexta-feira (18), respectivamente, em São José da Coroa Grande e na praia dos Carneiros, situada em Tamandaré, dois dos principais cartões postais do estado.
No entanto, ainda não foi constatada uma mudança significativa no percentual de reservas e nem um aumento em cancelamentos de diárias. É o que garante a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco (ABHI-PE).
Segundo Eduardo Cavalcanti, presidente da entidade, o risco é de que o turista que ainda não reservou um pacote cancele sua viagem. “Mas não temos como ter controle disso. A taxa de ocupação atual dos hotéis e pousadas se mantém a mesma quando comparada à do ano passado. Mas caso o derramamento de óleo persista e impossibilite o acesso às praias, as empresas devem facilitar o cancelamento ou adiamento das reservas para os hóspedes”, disse.
O dirigente explica, ainda, o trabalho de contenção feito pelos próprios empresários, a fim de evitar danos econômicos. “Após as primeiras notícias sobre o derramamento do material, a ABHI entrou em contato com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para fazer uma mobilização dos empresários nas praias dos Carneiros e de Porto de Galinhas”.
Apesar do desastre, nenhuma praia foi declarada, até agora, imprópria para o banho. Mesmo assim, de acordo com o Procon Pernambuco, o consumidor que se sentir lesado com o contexto e queira cancelar ou adiar as diárias dos pacotes de viagem com destino às áreas afetadas, deve negociar diretamente com os hotéis ou com as agências de turismo.
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“Caso não haja acordo, o cliente deve procurar o Procon mais próximo para analisarmos o contrato, mas não garantimos que o cancelamento será feito sem a cobrança de multas. Na hipótese de a situação ser agravada e a praia se tornar inutilizável, será acobertado pelo órgão caso o pacote fornecido pela empresa seja voltado para atividades que dependam do mar”, orienta a gerente de fiscalização do órgão, Danyelle Sena de Melo.
Porto de Galinhas
A 24 km de distância em linha reta de Carneiros, uma das regiões afetadas pelo óleo presente nas orlas, está a praia de Porto de Galinhas, destino de uma média de 1,2 milhões visitantes por ano. Apesar de ter sido registrado apenas vestígios esparsos do óleo na beira-mar de Ipojuca, o monitoramento preventivo já começou na localidade. Em nota, o Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau e a Associação dos Hotéis de Porto de Galinhas informaram não sentir impacto no turismo da região, e que a ocupação “se mantém alta, com índices normais de vendas”, inclusive para o Dia do Comerciário, feriado comemorado na próxima segunda-feira (21) e responsável por uma ocupação de quase 100% das hospedagens.
Nota
O Governo de Pernambuco limitou-se a dizer que o turismo é comprometido pela “falta de ação do Governo Federal acerca do problema”, mas não explicou quais os impactos na ocupação ou na procura do destino Pernambuco.