A disparada do preço da carne bovina já tem gerado impacto sobre o consumo de outras proteínas, como a suína e a de frango, que têm sido escolhidas como alternativa à de boi. Com a maior procura, há quem reclame de dificuldades de encontrar esses produtos nas prateleiras dos supermercados. O desabastecimento, no entanto, está descartado, segundo a Associação Pernambucana de Supermercados (Apes). O presidente da entidade, João Alves, alerta ainda que o bacalhau das festas de fim de ano praticamente não sofreu variação e está mais em conta que a carne vermelha.
Confira a reportagem:
Segundo o presidente da Apes, João Alves, o pescado pode ser uma boa alternativa para as ceias de fim de ano. “Para se ter ideia, o quilo do bacalhau pode ser encontrado por R$ 25, enquanto um corte de carne de primeira, como alcatra, está por cerca de R$ 30. Este ano o bacalhau está mais caro do que a carne”, alerta.
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Já o preço da carne de porco subiu cerca de 10% em novembro em relação a outubro, de acordo com o Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE). O preço do frango também sofreu um leve aumento, que varia entre 3% e 5%. A surpresa fica por conta do pescado, que não tem sofrido aumento, apresentando, inclusive algumas baixas de preço desde o desastre do óleo no litoral brasileiro.
Por outro lado, segundo dados do IPCA-15 relativo ao Recife, enquanto no mês de outubro a carne suína (-1,05), o pescado (-1,76) e o frango inteiro caíram (-1,32), em novembro o porco sofreu alta de 4,19%. Os demais ainda apresentaram queda, mesmo que pequenas.
Para o chefe do setor de acompanhamento de preços do Ceasa-PE, Marcos Barros, a alta dos preços não está apenas relacionada à disparada do preço do boi gordo. “Estamos atravessando um período de entressafra, que dura até maio, mais ou menos. Por coincidência, houve o aumento da demanda do comércio exterior”, alega.
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Ainda segundo Marcos Barros, os preços devem se acomodar até fevereiro. “Nos Estados produtores, os preços da carne vermelha estão baixando. Mas a gente também nota pouco o preço pago pelo frango. Como o ciclo produtivo é curto, cerca de 45 dias, o setor se recupera rápido em caso de demanda fora do comum”, observa.
Grande produtor, Pernambuco conta com 58 milhões de aves em granjas, segundo a Adagro. Por mês, o Estado registra 14 milhões de aves abatidas, produção de 10 milhões de ovos por dia. Forte, o setor tem um faturamento anual de R$ 1,7 bilhão. Mais tímido, o rebanho suíno é formado por apenas 738 mil animais, de 39.235 produtores. O abate, entre janeiro e novembro deste ano, ficou em 53.330 animais.
Uma curiosidade do setor de suínos é que o porco produzido em Pernambuco é consumido, basicamente, pelas cidades vizinhas aos municípios produtores. Algumas vezes, segundo os especialistas, o recifense nem come a carne de porco pernambucana. A maior parte é trazida de outros Estados brasileiros, como Santa Catarina.
Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), revelam que o Brasil produziu 3,9 milhões de toneladas de carne suína em 2018 e deve fechar este ano com 4 milhões de toneladas. O consumo per capita deve superar 15 kg per capita/ano.
Peixe está mais barato
Enquanto o porco e o frango são impactados pelo aumento do consumo de quem tem fugido da carne bovina, o preço do peixe tem se mantido estável.
João Alves diz que na gôndola, as proteínas substitutas da carne bovina ainda não sofreram aumento na prática, por causa dos estoques. “Pernambuco só e autossuficiente em aves. O resto a gente traz de fora. O peixe ainda é um poco daqui, mas o resto trazemos de fora. Então enquanto houver estoque, não sentiremos esse aumento”, comenta. A Adagro tem registrado um total de 242.596 milhões de peixes vivos no Estado – de alevino a adulto.