PSG, City e Infantino são alvo de revelações do Football Leaks

Clubes teriam sido favorecidos para escaparem do fair-play financeiro
AFP
Publicado em 02/11/2018 às 17:47
Clubes teriam sido favorecidos para escaparem do fair-play financeiro Foto: AFP


Novas revelações de "Football Leaks" divulgadas nesta sexta-feira indicaram que Paris Saint-Germain e Manchester City teriam sido ajudados pela Uefa para se esquivarem do fair-play financeiro, assim como o presidente da Fifa, Gianni Infantino, seria colega de um procurador suíço.

De acordo com a investigação, que se apoia em mais de 70 milhões de documentos analisados durante oito meses por 80 jornalistas de 15 veículos de comunicação europeus, a Uefa "teria ajudado com conhecimento de causa os clubes (PSG e City) a maquiarem suas próprias irregularidades por razões políticas".

O 'fair-play' econômico proíbe um clube participante de competições europeias gastar mais do que fatura. As sanções vão de advertência até a expulsão de competições internacionais.

A 'Football Leaks' denuncia um contrato que aumentaria "a 1 bilhão e 75 milhões de euros prometidos pela agência de turismo do Catar (QTA) em cinco anos ao PSG, é dizer, 215 milhões de euros por ano", enquanto "dois despachos de auditoria realizados pela Uefa avaliam esse contrato em 123 mil euros por ano por um, e 2,8 milhões de euros por ano por outro".

Contratos superfaturados

A Mediapart calcula desta maneira que o Catar, proprietário do PSG, teria injetado 1,8 bilhões de euros no clube em sete anos. Já Abu Dhabi (proprietária do Manchester City) teria aportado "a soma assombrosa de 2,7 bilhões de euros ao clube em sete anos, graças a contratos de patrocínio superfaturados".

Gianni Infantino, que naquele momento era o número 2 da Uefa, teria "negociado diretamente um acordo com o Manchester City, provocando um curto-circuito no órgão de investigação interna, teoricamente independente".

Infantino teria enviado um e-mail aos dirigentes do City com "um bonito presente": "20 milhões de multa em vez de 60. Os 40 milhões restantes só serão devidos se o clube não voltar ao equilíbrio econômico no futuro".

O e-mail teria sido enviado como cópia a Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, um "apaixonado torcedor do PSG, habitual do Parque dos Príncipes e grande amigo do Catar", mas que teria "também ajudado, em maior segredo, a seu rival, vizinho e inimigo Abu Dhabi".

No final, o PSG "teve o mesmo tratamento, muito condescendente", insiste a Mediapart. Hoje, o PSG é algo de nova investigação pelo fair-play financeiro, depois de contratar Neymar e Mbappé por mais de 400 milhões de euros.

Em comunicado, o clube parisiense afirma "respeitar estritamente as leis e normativas em vigor". O contrato com a QTA "é conhecido pela Uefa e pelo grande público desde 2014".

Proximidade com procurador suíço

Infantino indica que o órgão de investigação interna encarregado pelo fair-play financeiro é independente, mas pode estar "assistido pela administração da Uefa, o que inclui certamente o secretário geral (seu cargo na época".

'Football Leaks' aponta também a proximidade do presidente da Fifa e ex-secretário geral da Uefa com o procurador suíço Rinaldo Arnold, convidado habitual de jogos e eventos da Fifa.

Segundo o consórcio European Investigative Collaborations (EIC), vários convites teriam sido concedidos ao procurador para a Copa do Mundo da Rússia-2018, para o Congresso da Fifa no México ou para a final da Liga dos Campeões (organizada pela Uefa) em Milão.

"Muito obrigado pelos ingressos para a final da Liga dos Campeões. Meu filho pequeno acompanha minha esposa", teria escrito Arnold a Infantino em um e-mail de maio de 2016.

A EIC indica que Arnold tiraria do gancho "seu telefone para coletar informações para Gianni Infantino na procuradoria geral suíça".

Também existe um e-mail em 25 de maio de 2016 em que Arnold demonstraria seu interesse por um cargo na Fifa: "se sua nova secretaria geral precisar de um auxiliar, eu me ofereço como voluntário".

Em 2016, a Football Leaks revelou os mecanismos de evasão fiscal existentes no universo do futebol, especialmente por parte do português Cristiano Ronaldo. As acusações terminaram com um acordo amistoso de CR7 com a justiça espanhola, em troca do pagamento de 16,7 milhões de euros pelo jogador, segundo a fonte.

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