A primeira manhã da Conferência de Futebol do Nordeste (Confut) contou com uma grande troca de experiências nos seus dois blocos de palestras e debates. Tendo o foco inicial em gestão esportiva e finanças, o evento contou com a presença de dirigentes, empresários, gestores e jornalistas no JCPM Trade Center, no bairro do Pina, nesta quinta-feira (7).
O Confut foi aberto com uma palestra do ex-presidente do Bahia e sócio do Footway Group, Marcelo Sant'Ana. Um dos maiores representantes da guinada que o Tricolor de Aço deu nos últimos anos, com reforma estatutária e mudanças de gestão implementadas no clube de Salvador. Com um planejamento baseado na modernização do futebol, compliance (termo que significa, a grosso modo, estar de acordo com regras para crescer), transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa.
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Logo após, uma roda de debate foi feita com as presenças de Marcelo Paz (presidente do Fortaleza), Diógenes Braga (vice-presidente de futebol do Náutico), Diogo Noronha (vice-presidente de marketing do Sport), Pedro Henriques (executivo do Bahia), Ricardo Gluck (presidente do Paysandu), e a mediação é feita pelo gestor esportivo Vinicius Lordello. A conversa foi sobre planejamento estratégico, ambiente instável, regulação estatutária, profissionalização e gestão corporativa.
Em um momento do debate, o presidente do Fortaleza indagou sobre a proposta dos clubes-empresa, que tramita no Congresso Nacional. De acordo com Marcelo Paz, o projeto é um pouco controverso, porque em nenhum momento as agremiações de futebol foram chamadas para participar da formulação desse conceito.
O vice-presidente do Náutico, Diógenes Braga, que também esteve presente, comentou sobre a importância do evento e o quanto ele pode contribuir para o futebol nordestino. Já que a tendência é de se profissionalizar cada vez mais as gestões, em busca de sustentabilidade financeira e esportiva.
"Eu acho que isso reflete o crescimento do futebol nordestino no Brasil. O Nordeste hoje tem três (na verdade são quatro) clubes na Série A. Na Série B o Sport numa condição de acesso encaminhada, o CRB ainda com alguma possibilidade e na Série C com três acessos e o Náutico campeão. Então o que a gente vê é um crescimento do futebol nordestino e esse crescimento se passa muito por iniciativas como a de hoje, que faz com que o futebol seja pensado fora de campo e visto o futebol para no mínimo um ano, não se pode analisar o futebol como resolver o problema da próxima rodada. Futebol tem que ser pensado a longo prazo, eu falo muito isso, é trabalho continuado com minimização de erros", analisou o dirigente.
"Quando a gente vê um evento que reúne grandes nomes a nível nacional e que inclusive abre o evento com o tema sobre gestão, isso mostra que o futebol nordestino está começando a pensar fora da caixa e começando a enxergar que resolver os problemas dentro de campo é muito mais do que contratar um atleta que acalme a torcida, isso a gente defende muito no Náutico e ficamos muito felizes de ver essa iniciativa e de participar como convidado numa mesa redonda tão rica", acrescentou.
FINANÇAS
No segundo bloco de palestras e debates da manhã, o direcionamento foi para balanços, cotas de patrocínio, apostas esportivas, licenciamento CBF e Fair Play financeiro. Além da fala inicial do sócio de auditoria da BDO e gestor esportivo Carlos Aragaki, a conversa foi mediada pelo radialista Rafael Marques, do Rio de Janeiro. Participaram Ricardo Veloso (diretor financeiro do Sport), João Paulo Silva (diretor financeiro do Ceará), Francisco Clemente (sócio diretor e head of sports advisory da KPMG no Brasil), Marcelo Barros (sócio da Footway Group e ex-diretor financeiro do Bahia) e Lupércio Segundo (presidente de honra do Santa Cruz-RN).