JUSTIÇA

“Quem vai colocar o pão na minha mesa?”, questiona o goleiro Bruno

Dez anos após o crime, o goleiro falou pela primeira vez e disse quer voltar atuar como atleta profissional

Leonardo Vasconcelos
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Leonardo Vasconcelos
Publicado em 26/01/2020 às 22:02
Foto: Reprodução/RecordTV
Dez anos após o crime, o goleiro falou pela primeira vez e disse quer voltar atuar como atleta profissional - FOTO: Foto: Reprodução/RecordTV
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Quase dez anos após o assassinato de Eliza Samúdio, o goleiro Bruno falou pela primeira vez sobre o caso, ao programa Domingo Espetacular, da Record TV, e disse que está tentando sobreviver fazendo o que ama. “Eu gostaria de recomeçar a minha vida, mas fazendo aquilo que eu amo fazer. Opiniões cada um tem a sua. Eu quero voltar a trabalhar como atleta profissional...e eu vou voltar”, garantiu. Sem chances em clubes profissionais, o goleiro foi contratado pelo Registanea Esporte Clube, time amador de Minas Gerais.

O goleiro, que havia sido anunciado oficialmente como reforço do Operário Várzea-grandense, do Mato Grosso, adversário do Santa Cruz na primeira fase da Copa do Brasil, não vai mais atuar pelo clube, depois das críticas recebidas pela contratação. “Quando chegaram a conclusão que não iriam mais me contratar não falaram mais comigo, eu fiquei sabendo por parte da imprensa”, questionou.

Na reportagem, Bruno defende o direito de exercer a sua profissão. “Porque eu não posso voltar a fazer o que gosto? A ressocialização de um preso a sociedade também é responsável por ela. Do mesmo jeito que ela cobra que o ex-detento volte a trabalhar, ele tem que dar oportunidade”, cobrou.

Em relação ao crime, Bruno sustentou: “Não mandei matar ninguém”. Quando questionado sobre Bruninho, o filho que ele teve com Elisa Samúdio, o goleiro disse que um dia espera encontrá-lo. “Se eu encontrasse com meu filho a primeira coisa que eu falaria era pedir perdão. Se ele vai me perdoar? Isso vai ficar a critério dele. Eu vou respeitar a decisão dele”, contou.

MÃE DE ELISA

A reportagem também ouviu a mãe de Elisa, Sônia de Fátima Moura, que cria Bruninho. “Ele é uma criança extremamente alegre, extrovertida e carinhosa. Ele sabe que o pai é responsável pela morte da mãe, que ninguém sabe do corpo dela. Falar isso pro meu neto me doeu demais”, relembrou.

Ela garante que nunca recebeu um centavo do goleiro para criar o neto e criticou a posição dos clubes que tentaram contratar o jogador. “Isso é uma fronta, isso dói, isso é pior que um tapa na cara. Na minha e na do meu neto. Com tanta gente pra contratar, porque contratar o Bruno? Pela polêmica? Ele não é exemplo pra ninguém”, disparou.

CONDENAÇÃO

Em 2013, o goleiro foi condenado a 20 anos e 9 meses de prisão pelo assassinato e ocultação de cadáver da modelo Eliza Samúdio, que aconteceu em 2010. Ele conseguiu no dia 18 de julho do ano passado a progressão para o regime semiaberto.

Em 2019, Bruno jogou apenas 45 minutos em dois meses de vínculo pelo Poços de Caldas. Em outubro, o time da terceira divisão mineira anunciou que houve acordo entre as partes para que o contrato do atleta fosse rescindido. O Poços de Caldas foi o segundo clube de Bruno nos últimos dois anos. Anteriormente, em 2017, ele havia defendido o Boa, na segunda divisão do Campeonato Mineiro, onde disputou cinco partidas - foram duas vitórias, dois empates e uma derrota. O Fluminense de Feira de Santana demonstrou interesse em ter o goleiro, mas por causa da polêmica recuou. O último clube que tentou a contratação dele foi o Operário-MT, mas também desistiu. 

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