A nova cúpula de futebol do Náutico diminuiu em 60% os gastos com o time profissional para o final desta temporada. Segundo o diretor Alexandre Homem de Melo, não existiam condições de terminar o ano gastando mais do que poderia ser pago. Por isso, a maioria dos jogadores que iniciaram o ano vestindo a camisa vermelha e branco não fazem mais parte do elenco que vai disputar a Série B do Campeonato Brasileiro. Dificuldades causadas pelo reajuste orçamentário, mas imaginadas pelos dirigentes.
"A atual diretoria assumiu em um momento muito delicado nas partes política e financeira do clube, além de muitas dúvidas do que deveria ser feito. Reduzimos a folha em 60%. Não adiantava ficar com a folha anterior e chegar no final do campeonato sem gás. Reduzimos e isso trouxe consequências. Tínhamos um time formado e trocamos cerca de 70% a 80% dos jogadores. Esse enquadramento traz transtornos. Um time com muita gente e que não está entrosado. Como também com necessidade de aprimorar a parte física e técnica. Isso tudo precisava ser feito", afirmou Homem de Melo.
Alexandre explicou que o ambiente no time do Náutico só iria ficar cada vez pior, caso a equipe não se adequasse a realidade. Ele ainda revelou que a maioria dos afastamento foi por conta do reajuste financeiro e poucos por questões técnica. "60% é uma redução forte. Entendo os jogadores. Não minto e fui claro. Só posso pagar isso. Não adianta falar que posso pagar um valor, que não tenho condição de cumprir. Tenho um bom convívio com os atletas e não posso estragar esse clima. Tem jogador que não aceitou, continua trabalhando e estamos em busca de um acordo. Uma situação ou outra foi por questão técnica", pontuou.
A folha salarial do elenco do Náutico girava em torno de 1 milhão de reais por mês antes da Série B. Com os cortes, caiu para quase 400 mil reais. "Não gosto de falar de valores porque é uma situação delicada, mas é mais ou menos dentro do que todos já sabem. Sei que vou apanhar agora por conta disso. Só que se não implementarmos essa filosofia no clube continuaríamos do mesmo jeito. Cheguei aqui porque quis, ninguém me obrigou, A partir que chego e assumo a responsabilidade, venho para resolver. Posso errar, mas penso em prol do Náutico. Se eu estiver atrapalhando sou o primeiro a pedir para sair. O resultado não está vindo e tem que cortar na carne", declarou o diretor.
Alexandre Homem de Melo confessou que os dirigentes não esperavam a atual situação na classificação da Série B. Porém, se mostrou confiante na recuperação do Náutico durante a competição. "É um risco calculado e vai ter um fruto. Claro que não esperávamos estar com dois pontos em 21 disputados. Neste primeiro turno, a ideia é dar uma credibilidade ao Náutico, já que está passando por uma redução drástica de 60% na folha e a torcida está cobrando, fazendo o seu papel. Por isso, precisamos montar um time base com qualidade e barato para sair da zona ingrata e beirar o 10º lugar. Na virada do turno, nosso time é jovem, preparado para uma competição longa e deve recuperar os pontos. Dessa maneira, esperamos fazer um primeiro turno melhor que o segundo. Tem time na Série B que vai sofrer com o elenco", disse.
O diretor de futebol do Náutico, Alexandre Homem de Melo, ressaltou que não é possível adquirir compromisso que não vai ser possível honrar. Até mesmo quando a situação melhorar. Lanterna da Série B com dois pontos ganhos em 21 disputados, o Timbu vive uma das maiores crises dos últimos anos. Por isso, o dirigente acredita que o momento atual é de união para salvar os próximos anos do clube.
"Não pode enlouquecer porque subiu de divisão e contratar jogador que não pode pagar. Depois se prejudica. É possível contratar jogadores com salários competitivos, com bom nível técnico e dentro do orçamento. Se em 2011 deu para fazer porque não repetir? O que acaba com o Náutico é a política, pois acaba com todo um trabalho feito. O Náutico está sangrando agora. Quem não quer ajudar pelo menos não atrapalhe. Peço uma trégua em nome do Clube Náutico Capibaribe", finalizou.