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África, intercâmbio e projeto custo zero: os bastidores do Newell's Old Boys na reabertura dos Aflitos

Clube argentino teve concorrência até de seleção e contou com trunfo inusitado

Diego Toscano
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Diego Toscano
Publicado em 10/11/2018 às 10:05
Felipe Ribeiro/JC Imagem
Clube argentino teve concorrência até de seleção e contou com trunfo inusitado - FOTO: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Seleções africanas, meses de negociação e preocupação com custos. Esses foram apenas alguns dos caminhos da negociação do Náutico que culminou com o anúncio do Newell’s Old Boys, da Argentina, como adversário da reabertura do estádio dos Aflitos, no dia 16 de dezembro, a partir das 16 horas. O JC foi atrás dos detalhes da escolha do rival internacional para reabrir o caldeirão alvirrubro e descobriu de tudo um pouco: intermediário expert em translados de equipes sul-americanas, Cabo Verde e Moçambique na rota e fatores além do futebol como preponderantes para a escolha.

O nome do Newell’s Old Boys veio através de um velho conhecido de clubes pernambucanos: Rafael Monteiro, dono da empresa RMB Sports. Será a quarta vez que Rafael trará um time sul-americano para o Recife. Para a Taça Ariano Suassuna, torneio amistoso que abre as temporadas do Sport, já trouxe Nacional-URU (2015), The Strongest (2017) e Atlético Tucumán (2018).

“Estavam buscando adversários para a reinauguração e queriam uma lista para que pudessem escolher um nome. Chegamos a conclusão de que era um clube que tinha identificação com o Náutico e que tinha possibilidade de trabalhos futuros”, disse.

A negociação com o clube argentino durou entre duas e três semanas. Claro que a história da equipe, que tem sete títulos argentinos e foi finalista da Libertadores em duas oportunidades (1988 e 1992), pesou. Mas outros fatores, como categorias de base e entendimento do projeto, também foram importantes. “O Newell’s tem divisão de base muito forte hoje e isso chamou a atenção. Além disso, quando a gente fez o primeiro contato, a receptividade foi muito grande. Entenderam que não eram só convidados para abrir nosso estádio, mas para estabelecer relações e ampliar horizontes”, disse o vice-presidente Diógenes Braga.

Passando por dificuldades financeiras e tendo que encarar novamente a Série C em 2019, o Náutico buscou praticamente zerar as despesas com o adversário. Tanto que conseguiu, junto com a RMB Sports, que o clube argentino venha só pelos custos operacionais, com alimentação, hospedagem e transporte. “Não teve cachê. Sobre os custos, já temos parceria para hospedagens e estamos buscando passagens aéreas. A gente acredita que, pela forma como o evento está sendo divulgado, a possibilidade é muito boa de todos os custos ligados a vinda do Newell’s sejam financiados por parceiros”, disse Diógenes.

Apesar de inúmeras sondagens, apenas três opções, além dos argentinos, chegaram a negociar com o Náutico. Duas foram inusitadas: as seleções africanas de Cabo Verde e Moçambique. A outra foi o Peñarol-URU, que foi descartado pelo alto cachê, algo em torno de 80 mil dólares (quase R$ 300 mil na atual cotação). “Quero mencionar a disponibilidade e vontade das duas seleções da África. Fizeram de tudo, e a mais próxima de fechar foi a de Cabo Verde. Situação parecida com a seleção de Moçambique”, explicou.

FORA DE CAMPO

Para além do futebol, a chegada do Newell’s no Recife em dezembro também servirá como intercâmbio para o Timbu. Tanto que, na próxima semana, representantes do clube alvirrubro visitarão a agremiação argentina. “O Náutico ainda tem que crescer como instituição e na relação com a torcida. Nisso aí, tem espaço para fazer intercambio. Não estou falando de atletas, mas de experiências. Como um time do interior tem sete títulos nacionais? Temos tudo para transformar essa troca de ideias em coisas que revertem lá na frente, com um trabalho que vá além do futebol”, afirmou Ricardo Mello, vice-presidente de marketing.

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