Dos 461 atletas que vão integrar o Time Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, 216 são mulheres. O número de competidoras corresponde a pouco mais de 45% do total de representantes do País no maior evento esportivo do mundo. A porcentagem é bastante expressiva se comparada com as edições anteriores. Se os números se restringirem a Pernambuco, as mulheres são a grande maioria. Dos 15 atletas locais classificados, 13 são do gênero feminino. São elas: Bárbara Micheline (futebol), Amanda Araújo e Cláudia Teles (rúgbi), Cisiane Dutra, Érica Rocha (marcha atlética), Etiene Medeiros e Joanna Maranhão (natação), Keila Costa (atletismo), Dani Lins e Jaqueline Carvalho (vôlei), Teliana Pereira (tênis), Samira Rocha (handebol) e Yane Marques (pentatlo moderno). Completam a delegação local Wagner Domingos (lançamento do martelo) e Felipe Nascimento (pentatlo).
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Foi a partir da edição de 1984, em Los Angeles, que a presença feminina começou a crescer consideravelmente nos Jogos. Antes disso, porém, a participação de mulheres era pífia. Inclusive, nas Olimpíadas da Antiguidade, elas eram proibidas de fazer parte de qualquer atividade esportiva. Os Jogos foram concebidos por homens, a partir de uma perspectiva masculina na qual as mulheres eram severamente marginalizadas.
A conquista de espaços em várias âmbitos sociais é resultado da luta do movimento feminista. Nos esportes, a força das mulheres é uma das características que sobressaem. Entre as pernambucanas, a nadadora Joanna Maranhão se destaca nesse quesito e, sobretudo, pelo engajamento social. “Enquanto atleta e pessoa pública, acredito que tenho um papel importante. Ser atleta de alta performance exige muito de mim. Mas isso não impede que eu me posicione em relação ao que eu vejo de errado acontecendo. Quero dar minha contribuição não apenas com tempos rápidos. Por ser humano a gente pode fazer mais”, argumentou Joanna.
A segunda representante da natação local é Etiene. Aos 25 anos, ela já fez história por ser a primeira nadadora brasileira a conquistar o ouro nos Jogos Pan-Americanos e conquistar a primeira medalha feminina em Mundiais. “Toda mulher pernambucana é forte por natureza. O que me inspira é conhecer e estar rodeada por tantos exemplos”, pontuou.
Natural de Águas Belas, no Agreste, Teliana encontrou sua força na vontade de oferecer algo melhor para seus parentes. “O tênis já me proporcionou muita coisa mágica. Vi muita pobreza, então, minha maior motivação sempre foi a vontade de proporcionar melhores condições de vida não só para mim, mas para minha família. Venho conseguindo, mas eu espero fazer muito mais”, comentou a tenista número 1 do Brasil.
Assim como Teliana, Yane também vem do interior. Nasceu em Afogados da Ingazeira (Sertão) e se mudou para a capital ainda na infância. Ingressou na natação, mas foi no pentatlo moderno que ela encontrou seu equilíbrio nos esportes. Colocou a modalidade, até então desconhecida, entre as mais comentadas do Rio-2016. Afinal, Yane conquistou a primeira medalha olímpica na história do pentatlo nacional e configura chance de novo triunfo na capital carioca. Ela é daquelas mulheres fortes, determinadas, que não se contentam com pouco. “Eu enxergo que essas características são minhas desde quando eu era criança. Sempre levo comigo essa força do sertanejo”, falou.
Não basta provar a capacidade de se tornar atleta de alto rendimento e manter o nível técnico, a maioria das mulheres também enfrenta preconceito. “Existe muita dificuldade. Desde o início eu lutei bastante, sempre pedindo ajuda. Sempre foi muito difícil”, disse a goleira de futebol feminino, Bárbara Micheline, há 12 anos na seleção.