Um tuíte publicado no início dessa semana exibindo a diferença entre premiações entregues a um jogador e uma jogadora de vôlei eleitos os melhores em duas competições semelhantes repercutiu nas redes sociais e reacendeu o debate sobre a causa da disparidade dos valores.
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Lado a lado, duas imagens mostraram que enquanto o jogador Marko Ivovi?, campeão do mundial masculino de vôlei com a seleção da Sérvia recebeu US$ 30 mil, a jogadora Natália Pereira, campeã do mundial feminino de vôlei com a seleção do Brasil, foi premiada com a metade do valor, US$ 15 mil.
Os dois jogaram a mesma quantidade de jogos. Ela e ele, eleitos os melhores jogadores das competições.
— Linoca (@Alisco_) 17 de julho de 2016
Reflitam pic.twitter.com/0ZD25EwBcH
"Os dois jogaram a mesma quantidade de jogos. Ela e ele, eleitos os melhores jogadores das competições. Reflitam", publicou a autora da publicação no Twitter, que já foi retuitada mais de duas mil vezes.
O questionamento se estendeu para o Facebook e foi republicado por páginas como a Quebrando o Tabu, com mais de 31 mil curtidas.
Alguns usuários afirmaram que não há justificativa para a diferença dos valores dos prêmios além do machismo. "É uma daquelas imagens que valem mais que mil palavras. Por mais que tentem explicar ou justificar, e vão tentar, não há o que se discutir. Mulheres são desvalorizadas em todos os setores, exceto naqueles que enfatizam os corpos, como a indústria da moda e filmes eróticos, só que isso não é uma vitória, apesar de ser usada por muitos desavisados como tal. Só somos valorizadas pelos nossos corpos e isso têm que mudar, porque somos muito mais que isso", comentou Roberta Guimarães.
"Que preguiça ver a galera falando de demanda, patrocínio, economia...Ignorando o aspecto cultural que afeta os esportes femininos. Vide a atleta Marta, no futebol feminino", comparou Marcela Lacerda.
Outras pessoas argumentaram que a disparidade se explica porque as competições masculinas contam com mais patrocinadores. "Muito simples de refletir. Alguém paga a conta. Sabe como é, tem um patrocinador. Se o patrocinador ganha mais dinheiro com os homens que com as mulheres, ele provavelmente vai gastar mais dinheiro com a propaganda com os homens, pois o retorno é garantido. Patrocinador não é bobo, e o dia que o retorno for melhor com as mulheres, pode saber que o prêmio vai ser maior para elas", afirmou o usuário Ukaraujo Lima.
"Isso se chama 'procura e demanda'. É a lei mais básica da economia. É o mesmo motivo de uma modelo mulher ganhar 10x mais que um modelo homem", disse André Rodrigues.
Veja a repercussão no Twitter:
@Alisco_ são torneios similares e no vôlei, essa justificativa do masc ser mais midiático, é ainda mais furada. Machismo de cada dia
— Lívia (@liveteavelar) 18 de julho de 2016
@Alisco_ @gabisvalente às vezes não é machismo: no tênis, por exemplo, há mais patrocínio no masculino, aumentando a verba disponível
— Cookie Monster Here (@falinhares72) 18 de julho de 2016
@Alisco_ @ComplexaBel um movimenta muito mais dinheiro e é muito mais assistido... Normal.
— Maurício G. Q. Souza (@maurigq) 18 de julho de 2016
@Alisco_ acontecimentos como esses, claros, explícitos e nada justificáveis, só me deixam um pouco mais triste por viver num mundo doente
— Gabriella (@LemosGabi23) 20 de julho de 2016
A polêmica já havia sido estabelecida quando a seleção brasileira feminina ganhou o Grand Prix 2016 e recebeu um prêmio cinco vezes menor do que o entregue aos campeões da Liga Mundial de Vôlei. O valor dado à delegação foi de US$ 200 mil, enquanto o prêmio campeões da Liga Mundial de Vôlei é de US$ 1 milhão.
Em entrevista ao programa Globo Esporte, a meio-de-rede da seleção, Thaísa Marques, mostrou-se revoltada com a diferença. "É um absurdo. Acho que o vôlei feminino é tão espetáculo quanto o masculino", disse.