Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), vive um misto de alegria e frustração às vésperas da abertura dos Jogos Parapan-Americanos de Lima, que começam na sexta-feira. O ex-atleta da modalidade futebol de 5 comemorou o fato de o Brasil levar uma delegação recorde ao Peru, de 337 atletas, mas lamentou o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) ter recentemente alterado a classificação funcional dos competidores
O efeito das mudanças ainda não dá para ser dimensionado, mas certamente influenciará no número de medalhas do Time Brasil. Um dos destaques da natação nacional na última década, por exemplo, André Brasil ficou inapto. O IPC entendeu que ele não é mais deficiente. Dono de 14 medalhas paralímpicas, ele tem uma pequena diferença de tamanho entre as pernas devido a uma reação à vacina contra poliomielite.
"Foi uma medida intempestiva, sem qualquer tipo de planejamento. Aconteceu no meio do ciclo (em abril). Lamento muito postura tão amadora por quem alterou os critérios de classificação", comentou Mizael em entrevista ao Estado.
Não há mais tempo de reverter a decisão no Parapan, mas o presidente do CPB confia que conseguirá uma reviravolta para os Mundiais de natação e de atletismo que ocorrerão em setembro e novembro, respectivamente. "Nossos advogados estão avaliando a possibilidade de ajuizar ação na Justiça comum da Alemanha. Entendemos que nossa responsabilidade é estar ao lado dos nossos atletas. Vamos lutar até o fim", afirmou.
O presidente do IPC é o brasileiro Andrew Parsons, que comandou o Comitê Paralímpico Brasileiro na gestão anterior, que tinha Conrado de vice-presidente. Os dois têm boa relação. O questionamento está na falta de transparência com que foram feitas as mudanças. Logo após o anúncio, Parsons justificou que "tudo foi feito em consulta com os países". Ele disse ainda que a intenção era "criar um sistema melhor e uma base científica maior dos critérios".
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DELEGAÇÃO RECORDE
Mas nem tudo é para se lamentar neste Parapan. Mesmo com as mudanças, o Brasil terá em Lima sua maior delegação, com 512 integrantes, sendo 337 atletas, em 17 modalidades - há 20 guias. O número representa um acréscimo de 24% em relação ao time que disputou o Parapan de Toronto, na edição de 2015.
Mizael disse ao Estado que a meta em Lima é ultrapassar cem medalhas de ouro. No Canadá, foram 109, mas era uma competição às véspera dos Jogos Paralímpicos do Rio. O Brasil também tentará manter a hegemonia na disputa. Desde 2007, quando a competição passou a ser realizada na mesma sede do Pan, a delegação nacional fecha o torneio na liderança do ranking de medalhas. Foi assim no Rio-2007, em Guadalajara-2011 e Toronto-2015.