Tricolor

Ídolo se despede do Santa Cruz e pondera sobre futuro no futebol

Tiago Cardoso avaliou trajetória e deixou mensagem para a torcida coral e elenco

Klisman Gama
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Klisman Gama
Publicado em 22/01/2020 às 17:09
Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
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O Santa Cruz se despediu, nesta quarta-feira (22), do goleiro Tiago Cardoso. Ao menos como jogador. Após anunciar a sua aposentadoria, o atleta de 35 anos, sendo 19 de carreira e seis deles dedicados ao Tricolor, ponderou o que fez chegar a esta decisão. Dores nos joelhos, onde teve recorrentes lesões e cirurgias. Comentou também sobre a possibilidade de um jogo de despedida, que está nos planos do clube, segundo o presidente Constantino Júnior. Além disso, o ídolo coral ressaltou a importância da torcida na sua trajetória no Tricolor.

Há a possibilidade de Tiago assumir um cargo na comissão técnica do Santa Cruz. O convite já foi feito por Tininho, como é conhecido o presidente do Mais Querido. Deixando o ex-atleta à vontade para escolher em qual cargo quiser assumir. Contudo, o ídolo tricolor ainda vai estudar a possibilidade. Vai pensar ao lado da família de qual decisão tomar. Mesmo assim, o coração “balançou”, já que Tiago ainda quer seguir ajudando a Cobra Coral, como forma de gratidão por tudo que passou no clube.

Lesões e decisão pela aposentadoria

Infelizmente passei por várias lesões sérias, sempre dentro de campo, no choque ali. Em 2003 eu tive uma cirurgia no Athletico de ligamento cruzado anterior. Em 2010 fiz cirurgia de menisco no mesmo joelho, o esquerdo. Em 2012, na final (do Campeonato Pernambucano) contra o Sport, na Ilha, em um cruzamento, tive uma trombada com Jael e tive quase uma ruptura completa do ligamento colateral medial. Naquele jogo tive cinco lesões se não me engano, de músculo e joelho, e graças a Deus pude terminar jogando e comemorando título. Em 2014, na penúltima rodada da Série B, contra o Avaí no Arruda, tive uma trombada com o zagueiro e tive uma ruptura completa do ligamento cruzado posterior do joelho direito. Em 2018, no Botafogo-SP, tive torção no joelho esquerdo, ano passado no direito novamente. São lesões que vão desgastando o menisco e cartilagem. Ano passado vim sofrendo muito com dores que vinham me impossibilitando de fazer meu trabalho 100%. Eu vinha me esforçando para terminar o ano no Botafogo-SP. Vim tomando anti-inflamatório o ano todo por causa das dores e, no ano passado, já pensei muito em parar. Falei com minha família, meu pastor, para saber se era emocional ou meu corpo pedindo uma trégua. 

No fim do ano fiz um tratamento e as dores sumiram. Comecei a fortalecer, cheguei sem dor nenhuma, trabalhei na segunda, terça, na quarta começou a incomodar e na quinta incomodou. Conhecendo meu corpo, vi que não conseguiria trabalhar 100%. Foi o que fiz em todos os clubes que passei, em qualidade e quantidade. E me conhecendo, vi que não conseguiria. Foi a partir do momento em que vi que não poderia estar no meu 100% do dia a dia e que isso poderia estar me atrapalhando dentro de campo. Sempre coloquei que o Santa Cruz é muito grande e você tem que dar seu máximo. E essa possibilidade eu não conseguiria mais. Essa decisão foi tomada por isso. Dores, incômodos, desgaste como profissional. Mas sou grato por esses 19 anos de conquistas (como atleta profissional) e a decisão foi tomada e decorrência das dores que estava sentindo.

Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
Tiago Cardoso levanta sua taça mais importante com o Santa Cruz, a Copa do Nordeste 2020 - Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
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Tiago Cardoso em 2016 - Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
Tiago Cardoso em 2016 - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Tiago Cardoso levanta sua taça mais importante com o Santa Cruz, a Copa do Nordeste 2020 - Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
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Tiago Cardoso atuando durante clássico contra o Sport. Goleiro ganhou 4 títulos em cima do Leão - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Tiago Cardoso vibra após gol coral em 2016 - Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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O adeus de Tiago Cardoso, ídolo do Santa Cruz - Foto: Acervo/JC Imagem
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Tiago Cardoso em clássico contra o Náutico, na Arena de Pernambuco - Foto: Acervo/JC Imagem

Aposentadoria antes do esperado

Eu nunca fui muito de expor, derramar lágrimas, mas se você ficar pensando muito no momento que você passou, no desejo de estar continuando no futebol, você fica assim. Mas por dentro a gente se emociona, por tudo que passamos. Pensava em acabar com 38 anos, mas chegou antes. Não gosto de pensar muito para não me entristecer, mas foi o corpo que não deixou para gente seguir. Quero agradecer a todos que se dispuseram a me ajudar nessa questão clínica. Tininho (Constantino Júnior, presidente), Tonico (Araújo, vice-presidente executivo), doutor Wilton (Bezerra, médico do Santa), que em momento algum me vetou de continuar. O pessoal da fisioterapia e médicos, em momento algum me vetou de nada. Quando cheguei para eles, falei da decisão e quero deixar todos isentos da minha decisão, que foi minha, partiu de mim. Quero deixar bem claro para não deixar nenhum peso para eles. A decisão foi minha e não tiveram nenhum envolvimento nisso.

Jogo de despedida

Tiago - Eu nunca pensei (nisso). Já estou sabendo que o pessoal está preparando algo para o sábado. Não sei o que é. Falei para o meu empresário que sou sem jeito para essas coisas. Vou ficar grato e vai ser válido se isso acontecer. Meus filhos estão chegando e gostariam de estar no estádio, e com certeza vai ser um momento válido, que vai ficar na nossa memória para sempre.

Constantino Júnior - Jogo de despedida leva um pouco mais de tempo, e até para a honrar a história de Tiago, vamos fazer uma despedida bonita. Sobre o jogo de sábado (contra o Bahia, pela Copa do Nordeste), vamos convocar a torcida. Para o torcedor que tinha dúvida de vir, que venha. Vamos homenagear Tiago por toda recordação do cara que ele é, por tudo que ele fez. É muito importante a gente encher a casa aplaudindo Tiago por toda trajetória que construiu. Em 2013 vivenciamos mais de 70 mil pessoas contra o Betim, em 2011 contra o Treze, jogos contra o São Paulo, contra o Sport. Vários torcedores saíram daqui felizes por conta de suas atuações. Queria pedir e aproveitar para reforçar que os torcedores que tiverem dúvidas, venham aplaudir e agradecer a Tiago nesse momento de respeito ao nosso ídolo. Gostaria muito de contar com casa cheia porque ele é merecedor de cada aplauso.

Seguir trabalhando no futebol

Pode ser um ponto de partida nessa questão. Estou novo ainda, mas são coisas para pensar, analisar direitinho. Algumas pessoas do clube já falaram da minha importância no futebol e pessoas que precisam de ajuda, como nós no dia a dia precisamos, e se puder ter essa oportunidade de ajudar, ela ocorrerá. Se tiver de ser, seguirei ajudando com o Senhor na minha vida. Não teria conseguido nada e em todos o lugares é ele quem vai me guiar, para estar todos os dias, e de alguma forma estar cooperando. Vai ser importante para o futuro, para o meninos que estão surgindo e todos que possam estar perto. Quero poder ajudar e ser ajudado.

Recado para torcida e atletas

Com a torcida é difícil de falar, porque a paixão que tem pelo clube é gigante. Sabemos que o torcedor do Santa Cruz é assim. Tem torcedor que deixa de comprar comida para ver o jogo. Eles são importantíssimos nesse processo para levantar o clube novamente. Quero dizer que eles são o 12º jogador dentro de campo. Essa paixão que o torcedor tem não tem nem o que estar comentando, o mundo todo sabe. Eles são importantíssimos nesse momento os atletas, comissão técnica, diretoria, vão precisar desse apoio. Todos unidos por esse apoio, as coisas vão acontecer novamente. É dizer que o torcedor apoiando é de extrema importância, sei o que é isso, essas torcida cantando, gritando.

Eu estava no jogo de estreia aqui, até para me privar um pouco de falar com o torcedor antes dessas coletiva. Deu uma vontade de entrar em campo e achei que, quando parasse, não teria essa vontade. Senti essa emoção, vontade de estar em campo e o atleta precisa disso, ter essa emoção. A palavra que deixo para eles (jogadores) é de união. Que eles possam estar unidos de coração, um comprando a briga do outro, com diretoria, torcida, se estiver todo mundo junto a força se torna maior e a benção de Deus se manifesta. Um ajudando outro, sem vaidade, a gente sabe que o professor só pode escalar 11 e todo mundo quer jogar, mas um grupo vencedor tem que compreender que não jogam todos. São só 11. Que eles possam estar unidos de coração, suando a camisa, dando o máximo. Porque quando a torcida percebe que o jogador joga com raça, ela vai apoiar.

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