Crustáceos, como caranguejos e lagostas, sentem dor, revela estudo

Pesquisa foi publicada no periódico Journal of Experimental Biology
Da AFP
Publicado em 16/01/2013 às 22:25
Pesquisa foi publicada no periódico Journal of Experimental Biology Foto: Foto: reprodução de internet


Os caranguejos e lagostas que nós costumamos jogar em água fervente para cozinhar não têm a capacidade de implorar por suas vidas ou gritar, mas eles conseguem sentir dor, afirmaram cientistas em um estudo publicado no periódico Journal of Experimental Biology.

"Bilhões de crustáceos são capturados ou criados para atender à demanda da indústria agro-alimentar. Em comparação com os mamíferos, eles não gozam de quase nenhuma proteção sob a única presunção de que não podem sentir dor. Nossas pesquisas sugerem o contrário", resumiu Bob Elwood, biólogo da Universidade Queen's em Belfast.

Sua última experiência demonstrou como o caranguejo-verde se dispõe a abrir mão daquilo que lhe é mais caro - um abrigo escuro - para evitar um choque elétrico.

Noventa caranguejos-verdes ("Carcinus maenas"), uma das espécies mais comuns das praias europeias, foram mergulhados em um aquário com dois abrigos escuros, onde alguns entre eles sofreram um primeiro choque.

Mais tarde, quando os caranguejos foram colocados no aquário, a maioria deles retornou espontaneamente ao buraco escuro, que eles tinham escolhido previamente como domicílio. As vítimas desafortunadas da primeira experiência levaram um segundo choque.

Assim que foram introduzidos no aquário pela terceira vez, a imensa maioria dos caranguejos previamente eletrocutados desistiram do buraco onde levaram o choque, enquanto que os outros caranguejos se reinstalaram tranquilamente em seu abrigo inicial, revelou o estudo.

"Os caranguejos aprenderam a evitar o abrigo onde levaram choques. Eles se mostraram dispostos a renunciar a seu refúgio para evitar a fonte da dor presumida", explicou Bob Elwood.

"Esta experiência foi concebida cuidadosamente para permitir distinguir entre a dor e um fenômeno de reflexo defensivo, a nocicepção que permite uma proteção instantânea, mas não modifica o comportamento de longo prazo", destacou o cientista.

"Do ponto de vista filosófico, é impossível demonstrar de forma absoluta que um animal sente dor", admitiu. No entanto, prosseguiu, todos os critérios coerentes com a chamada dor foram reunidos nas experiências.

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