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Vacinação contra HPV imuniza apenas metade das adolescentes no país

Apenas 54% do público-alvo foi vacinado. A meta prevista era aplicar a segunda dose da vacina em 80% das meninas de 11 e 13 anos

Da Folhapress
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Publicado em 26/12/2014 às 13:50
Foto: Manuella Brandolff/ Palácio Piratini
Adolescente se vacinando - FOTO: Foto: Manuella Brandolff/ Palácio Piratini
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A segunda etapa de vacinação contra o HPV no país atingiu até agora apenas 54% do público-alvo e irá terminar o ano abaixo do esperado, de acordo com dados do Programa Nacional de Imunizações.

A meta prevista pelo Ministério da Saúde era aplicar a segunda dose da vacina em 80% das meninas de 11 e 13 anos até o fim de dezembro.

Na primeira fase da imunização, iniciada em março, 99% das meninas receberam a primeira dose da vacina, incorporada ao calendário nacional de imunizações do SUS pela primeira vez neste ano. O problema é que a adesão à segunda dose tem sido baixa, o que deverá estender a campanha para 2015.

Inicialmente, segundo o Ministério da Saúde, a ideia era concentrar a vacinação no próximo ano em um público de meninas com faixa etária menor, de 9 a 11 anos.

Agora, a vacina continuará a ser oferecida para as duas faixas etárias, incluindo as meninas de 11 a 13 anos que não tomaram a segunda dose, afirma a pasta.

IMUNIZAÇÃO - O objetivo do programa de imunização contra o HPV é evitar novos casos de câncer de colo de útero --o terceiro tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil, superado apenas pelo de mama e de brônquios e pulmões.

Ao todo, a vacina tem três doses: a segunda é dada seis meses após a primeira; a terceira, cinco anos depois. Só com a primeira, a menina não é imunizada.

A vacina também tem eficácia maior se ministrada no prazo correto, lembra Mauro Leal Passos, do setor de estudos sobre doenças sexualmente transmissíveis da UFF (Universidade Federal Fluminense). O ideal, neste caso, é que o intervalo entre a primeira e segunda dose seja de no mínimo seis meses e, no máximo, um ano.

Para Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações, a queda no ritmo de vacinação ocorre por vários fatores. O primeiro deles é uma redução natural nas etapas de vacinação posteriores à primeira --mas que, neste caso, foi maior do que se esperava até o momento, diz.

Segundo Kfouri, a divulgação de possíveis suspeitas de reações à vacina em um grupo de meninas de Bertioga (SP) também pode ter colaborado para a queda.

Após alegar dificuldades para andar, no entanto, todas se recuperaram --na época, o Ministério da Saúde chegou a investigar a hipótese de stress ou algum problema de fundo problema emocional.

Para o ministério, a queda no ritmo de vacinação também pode ter ocorrido porque, ao contrário da primeira etapa, a vacinação atual ocorre majoritariamente nos postos de saúde. Na primeira, a imunização ocorreu de forma maciça nas escolas.

Kfouri concorda. "Esse fator é crucial. Aguardar que uma adolescente vá até o posto de saúde deixa tudo mais difícil", afirma.

Ao todo, o Ministério da Saúde diz ter gasto R$ 465 milhões para incluir na rede pública a vacina contra o HPV.

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