Argentina e Reino Unido travam um novo embate diplomático pelas ilhas Malvinas. Dessa vez, além das acusações recíprocas de ameaça, os dois países discutem a atividade petrolífera na região.
No último dia 2, data em que a Argentina lembra as vítimas do conflito armado dos anos 80, empresas inglesas anunciaram uma descoberta de petróleo e gás em águas que a Argentina reivindica controle. A descoberta das empresas inglesas foi feita a 220 quilômetros ao norte das Malvinas.
Em pronunciamento em cadeia nacional, a presidente Cristina Kirchner afirmou que o anúncio era uma provocação e que a Argentina considera ilegal a atividade das empresas no local.
Cristina também acusou o governo inglês de justificar o aumento de despesas militares nas ilhas com infundadas acusações de ameaça argentina.
Nesta quarta (8), a embaixadora da Argentina em Londres foi chamada a dar explicações e ouviu que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, não gostou das declarações de Cristina.
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A presidente argentina afirmou que o país iria processar as empresas petroleiras. Nesta quinta (9), a chancelaria argentina informou que ingressou formalmente com o processo penal na Justiça argentina contra as empresas, alegando que elas desrespeitam a legislação de exploração de petróleo do país.
Ainda segundo a chancelaria argentina, a atividade petrolífera no local desrespeita resolução das Nações Unidas sobre a disputa do território.
ESPIONAGEM
Nesta quinta (9), por sua vez, o governo argentino convocou o embaixador inglês John Freeman em Buenos Aires para dar explicações.
O país protestou contra o que considera "armamentismo britânico" no Atlântico Sul e classificou de "colonial" o controle que os ingleses empregam nas Malvinas.
No fim de março, o governo inglês justificou o aumento do orçamento militar para equipar as forças armadas nas ilhas na esteira de uma "ameaça muito viva" da Argentina em tentar reaver o território.
Outro motivo de mal-estar entre os dois países foi a revelação de que o Reino Unido teria espionado a Argentina até 2011, com o objetivo de manter o controle das Malvinas.
A informação foi divulgada na imprensa argentina na semana passada, a partir de documentos vazados pelo ex-agente da inteligência dos EUA Edward Snowden.
O assunto também foi alvo de protestos da diplomacia argentina na reunião com o embaixador inglês.