Liberdade

Dilma defende libertação de presos em protestos na Venezuela

É a primeira vez que a mandatária se manifesta a favor da soltura dos opositores ao chavismo, mudando a posição oficial do Itamaraty desde 2014

Da Folhapress
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Publicado em 10/04/2015 às 11:52
Foto: EVARISTO SA / AFP
É a primeira vez que a mandatária se manifesta a favor da soltura dos opositores ao chavismo, mudando a posição oficial do Itamaraty desde 2014 - FOTO: Foto: EVARISTO SA / AFP
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A presidente Dilma Rousseff defendeu a libertação dos presos em manifestações contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em entrevista divulgada na noite de quinta-feira pelo canal CNN en Español.

É a primeira vez que a mandatária se manifesta a favor da soltura dos opositores ao chavismo, mudando a posição oficial do Itamaraty desde 2014, que foi de não interferir nos assuntos internos do país vizinho.

A declaração foi feita quando a presidente foi questionada sobre a eficácia da mediação de Brasil, Equador e Colômbia, a pedido da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), na crise política venezuelana.

"Eu acho que todos os países que integram a Unasul, que participam da Cúpula das Américas, temos hoje o interesse absoluto de que haja uma maior liberação, que os presos sejam soltos, que não haja níveis de violência nas ruas...".

Dilma é cortada pela jornalista Patricia Janiot, que diz "e que não se prendam os líderes políticos". Em seguida, a presidente responde: "Sem dúvida alguma."

Em nova interrupção, Janiot cita os casos do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e de Leopoldo López, acusados de incitação à violência e envolvimento em um suposto golpe contra Maduro. Neste caso, Dilma mantém a versão do governo brasileiro.

"Eu não me manifesto como presidente da República sobre isto. Eu digo que aqui não prendemos. Agora, em relação aos temas internos da Venezuela, eu não posso entrar por uma questão de respeito à autodeterminação deles. Nós e o Brasil temos uma posição clara em relação ao direito de manifestação, à livre expressão. Nós não acreditamos que a oposição deva ser presa, a não ser que tenha cometido um delito."

Antes de se pronunciar sobre os presos, a mandatária havia defendido a mediação da Unasul. "Se você mede a eficácia [da missão] pelo fato de que não houve golpe, eu acredito que foi muito eficaz."

POSIÇÃO

Desde que assumiu a posição de considerar as manifestações uma questão interna da Venezuela, o governo brasileiro recebeu críticas de outros países e de políticos da oposição.

Em 19 de março de 2014, um dia após a prisão de Leopoldo López, no auge dos protestos no país vizinho, o então chanceler, Luiz Alberto Figueiredo, disse que o governo brasileiro "acompanhava com a atenção" a situação.

Dias antes, o Mercosul havia divulgado uma nota em que chamava as manifestações de "ações criminosas", o que provocou mal-estar entre diplomatas do Itamaraty. No final de março, Figueiredo viajou para começar a mediação da Unasul.

Tanto a oposição venezuelana quanto parlamentares brasileiros pediram uma posição mais dura do Brasil. Dentre eles, estão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ronaldo Caiado (DEM-GO).

Em 24 de fevereiro, o Itamaraty subiu um pouco o tom e disse que as ações do presidente Nicolás Maduro contra seus opositores "são motivos de crescente atenção medidas tomadas nos últimos dias, que afetam diretamente partidos políticos e representantes democraticamente eleitos".

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