O palestino-brasileiro Islam Hamed, 30, foi libertado nesta terça-feira (21) pela Autoridade Nacional Palestina após sua família assinar um termo de responsabilidade por sua segurança. Ele estava detido na cidade de Nablus, na Cisjordânia.
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Segundo o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Al Zeben, Hamed estava "sob custódia" e não preso desde 2013, quando terminou sua pena de três anos.
"Ele estava sob custódia para não correr riscos", afirma Al Zeben. O argumento palestino é que, se fosse solto, Hamed poderia ser detido pelas forças israelenses.
Aos 17 anos, ele havia sido preso por Israel, sob a acusação de arremessar pedras e coquetéis molotov, e ficou detido cinco anos.
Após nove meses em liberdade, ele foi preso pela segunda vez pelo governo israelense, num caso de "detenção administrativa" -em que uma pessoa pode ter sua pena renovada sem uma acusação clara.
A prisão do lado palestino veio em 2010. Para a família, a detenção teria sido motivada por Hamed apoiar o Hamas.
Segundo o embaixador Al Zeben, Hamed e sua família assinaram, diante de representantes da representação diplomática brasileira em Ramallah e da chancelaria palestina, um termo em que se responsabilizam pela segurança do palestino-brasileiro.
"Ele está em território ocupado [por Israel]. Esperamos que corra tudo bem e que Israel autorize seu retorno ao Brasil", disse.
APREENSÃO
Apesar do anúncio da soltura, a família de Hamed, contudo, permanece apreensiva. O rapaz ainda não foi visto pela família.
"Não sabemos onde ele está. Ele não veio para cá, e estamos muito preocupados com isso", disse Nadia Hamed, mãe do brasileiro, por volta das 18h (hora de Brasília).
Segundo Nadia, a família aguardava um telefonema das autoridades palestinas para buscar Hamed e trazê-lo para sua casa. Quando o pai foi à prisão, durante a tarde, foi avisado de que ele já havia sido solto.
"Trouxemos apenas as coisas que estavam no quarto dele: a televisão, o ventilador e as roupas."
A mãe do jovem diz que, com a libertação de Hamed, "as coisas ficaram mais complicadas". "Ele estava há mais de cem dias em greve de fome. Precisa de um hospital. Tanto faz se é um hospital israelense. Queríamos ter buscado ele e levado a um médico."
Nadia responsabiliza o governo brasileiro pelo agravamento da crise e diz não ter recebido o apoio esperado.
"Tinham que ter ajudado ele. Protegido contra o que pudesse acontecer. Estou muito magoada. Pensei que o governo fosse nos ajudar, mas isso não aconteceu."
Nadia é filha de palestino e nasceu em Catanduva, São Paulo. Ela imigrou para a Cisjordânia aos 19 anos, onde se casou e teve quatro filhos. Apenas Islam e o irmão Bilal têm a cidadania brasileira.