ESTUPRO FILMADO

Alerj solicita dados à Polícia Civil para acompanhar caso de estupro

O caso ganhou repercussão nas redes sociais, depois que imagens do crime foram gravadas e compartilhadas nas redes sociais

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Publicado em 27/05/2016 às 13:29
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O caso ganhou repercussão nas redes sociais, depois que imagens do crime foram gravadas e compartilhadas nas redes sociais - FOTO: Foto: Reprodução/TV Globo
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A presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro da Alerj, deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB), informou que vai solicitar nesta sexta-feira (27) à Polícia Civil dados sobre o caso de estupro coletivo de uma adolescente no Rio de Janeiro. A parlamentar afirmou estar "muito consternada" e disse que o caso atinje todas as mulheres. Ela disse ainda que quer entrar em contato com a família da vítima.

"É uma questão de honra e de luta para nós, mulheres, não deixarmos esse caso ficar em vão", disse a deputada, que defendeu uma abordagem de longo prazo e maior atenção ao combate da violência contra a mulher.

O caso ganhou repercussão nas redes sociais, depois que imagens do crime foram gravadas e compartilhadas nas redes sociais. Nas imagens, a adolescente aparece nua, descordada e machucada. O vídeo também exibe um homem que admite: “uns 30 caras passaram por ela”.

A presidente da Comissão OAB Mulher da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Daniela Gusmão, classificou o crime como um ato de barbárie. Ela contou que a entidade vai oferecer assistência à advogada da vítima que está acompanhando o caso. "Poderíamos dar todo o apoio que essa advogada precisa", disse.

"A OAB entende que a nossa sociedade está vivendo um momento de grande retrocesso nas questões de gênero. Esse crime, entre tantos outros, mas especialmente esse, em que 30 homens colocam a mulher em uma posição absolutamente degradante, deve ser considerado mais que um estupro, é um crime de ódio contra a mulher. É um ato de barbárie", setenciou Daniela.

Crime

Em depoimento à polícia, a jovem de 16 anos contou que foi dopada e estuprada por 33 homens no morro São José Operário, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. Ela disse ainda que os agressores estavam armados com fuzis e pistolas. A Polícia Civil já identificou quatro suspeitos de participação no crime: dois são suspeitos de terem divulgado as imagens nas redes sociais; um seria namorado da jovem; e o quarto identificado aparece no vídeo ao lado da garota.

Manifestações de apoio à adolescente e de repúdio à violência contra as mulheres estão marcadas para dar visibilidade ao assunto. Um ato deve ocorrer em frente à Alerj, no centro do Rio, às 18h de hoje e, na próxima quarta-feira (1), manifestantes devem ir às ruas no Rio, em Belo Horizonte e São Paulo às 16h. 

Para a cientista política Priscila Brito, do movimento Articulação de Mulheres Brasileiras, é preciso aprofundar o debate para que a população possa combater o machismo que está por trás de crimes como esse.

"Quando esses casos vem à tona, são muito emblemáticos do que a gente chama de cultura do estupro. São a exacerbação, o que tem a mais em um quadro que está colocado como normal na sociedade. É chocante, inclusive, para quem está fora do movimento feminista e acha [o crime] um absurdo, mas as coisas que levam a ele são coisas que em geral são naturalizadas", disse Priscila.

A pesquisadora chama a atenção ainda para as tentativas de culpar a vítima pela agressão sofrida, que acabam sendo comuns em casos de crimes sexuais contra mulheres. "A cultura do estupro da nossa sociedade promove isso: que a mulher é culpada por ter provocado o estupro de alguma maneira. Ou porque ela usou roupa curta, porque seduziu o cara, porque estava andando sozinha à noite, porque ela é lésbica e precisa conhecer um homem de verdade. Não é justificável, mas a cultura acaba promovendo isso. Como a gente vive em uma sociedade machista, as pessoas tendem a procurar motivos pra justificar a violência contra a mulher, desde a violência doméstica até o estupro", lamentou.

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