Violência

Homens se manifestam contra cultura do estupro nas redes sociais

Utilizando a hashtag #HomensContraAculturadoestupro, vários usuários do Twitter têm se manifestado contra a culpabilização da vítima

JC Online
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Publicado em 27/05/2016 às 18:59
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Utilizando a hashtag #HomensContraAculturadoestupro, vários usuários do Twitter têm se manifestado contra a culpabilização da vítima - FOTO: Foto: Reprodução
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Após um estupro coletivo de uma adolescente na Zona Oeste do Rio de Janeiro ter indignado o Brasil, um grupo de homens criou nesta sexta-feira (27) uma campanha nas redes sociais para pedir o fim da cultura do estupro.

Utilizando a hashtag #HomensContraAculturadoestupro, vários usuários do Twitter têm se manifestado contra a culpabilização da vítima, que é o ato de desvalorização que ocorre quando a vítima de um crime é considerada responsável pelo o que aconteceu. Além disso, por meio hashtag #aCulpaNuncaéDaVítima os usuários lembraram que nenhuma ação da vítima é um convite para assediadores. 

No caso da jovem que foi estuprada por mais de 30 homens, alguns comentários nas redes culpam a menina, que aparentemente tinha envolvimento com criminosos, além de acesso a armas. Pessoas se manifestaram, acusando a jovem de ter “procurado” a violência que sofreu.

O grupo que se mobiliza na internet nesta sexta-feira (27) pede exatamente que, principalmente os homens, desconstruam a ideia que roupa, comportamento e práticas deem abertura para estes tipos de violência.

No entanto, nem todos aderiram ao movimento, como foi o caso do cantor Lobão. Em seu Twitter, o cantor falou que “Num país que fabrica miniputas, com uma farta erotização precoce com severa infantilização da população reduzindo as responsabilidades (…) não é de surpreender esses lamentáveis casos de estupro”, concluiu. Os seguidores do cantor receberam com aversão o comentário e rebateram a postagem.

Ainda na tarde desta sexta, um perfil foi criado no Twitter pra disseminar fotos da garota, na tentativa de argumentar a violência sofrida por ela. Nas postagens, o perfil TREMBALA FALANDO (@inocenteaonde) tenta justificar que “tem muita gente confundindo bacanal com estupro” e criticando a cobertura jornalística do caso. O perfil foi apagado ainda nesta tarde.

ENTENDA A CULTURA DE ESTUPRO - A cultura do estupro é um conjunto de crenças que encorajam as agressões sexuais masculinas e apoiam, mesmo que de forma velada, a violência contra a mulher. Essa violência pode ser cantadas de rua (assédios verbais com conotações sexuais) ou até mesmo os assédios físicos. Essa cultura pode estar em imagens, liguagem, nas leis, em comerciais, filmes, novelas e em outros fenômenos cotidianos testemunhados por todos, todos os dias, que fazem que a violência contra mulher pareça algo normal.

O CASO - A adolescente de 16 anos foi vítima do estupro coletivo na última sexta-feira (20) e teve o vídeo do crime divulgado na internet nessa quarta-feira (25). Quatro jovens que participaram da ação brutal já foram identificados pela polícia do Rio de Janeiro, mas até o momento ninguém foi preso. Após realizar exames e prestar depoimento, a garota postou um relato na internet para agradecer o apoio e disse após a violação "não dói o útero e sim a alma".

DISQUE 180 - Para denunciar casos de violência sexual, as vítimas devem ligar 180. O serviço funciona diariamente, 24h por dia, inclusive nos finais de semana e feriados. A identidade do denunciante é mantida em absoluto sigilo. A Central de Atendimento à Mulher funciona como disque-denúncia da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM). O Ligue 180 trabalha de forma conjunta com a rede de atendimento do Brasil, formada por serviços municipais e estaduais e também serve para receber instruções. 

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