O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), culpou a Fundação Nacional do índio (Funai) pela não demarcação de terras no Estado e consequentemente o ataque bárbaro cometido contra índios Gamelas nesse domingo (30). A disputa pela garantia de espaço fez com que pistoleiros, a mando de fazendeiros e invasores de terra, vitimassem 7 índios no Estado, segundo o governador. Que não confirmou a informação de que 13 índios foram atingidos pelo conflito e garantiu que até agora nenhuma das vítimas encontradas teve as mãos decepadas.
Aí está o ofício sobre gamelas que o governo do Maranhão encaminhou à Funai em agosto de 2016, pedindo providências pic.twitter.com/QWafJR1ZpO
— Flávio Dino (@FlavioDino) 1 de maio de 2017
E aqui está a resposta que o governo do Maranhão recebeu da Funai em outubro de 2016, dizendo sobre a falta de verbas para os estudos pic.twitter.com/2fBVK9GjMn— Flávio Dino (@FlavioDino) 1 de maio de 2017
Flávio publicou na sua conta do Twitter fotos de um ofício encaminhado à Funai no ano passado. O texto solicita que a Fundação tome providências referentes à "identificação, delimitação e demarcação" das terras indígenas dos Gamelas. Como resposta, em outra foto publicada por Dino, a Funai alertou que contava com "apenas profissionais que se dispõem a trabalhar na condição de colaboradores eventuais, e que em geral não têm condições de se dedicar exclusivamente aos estudos ( dos Gamelas)".
Até agora não houve nenhuma vítima com mãos decepadas. Continuamos procurando e cuidando dos 3 hospitalizados.— Flávio Dino (@FlavioDino) 1 de maio de 2017
A solicitação fundiária dos Gamelas foi registrada em janeiro de 2016, somando-se a cerca de 470 outros processos que eram analisados pela Funai em todo o Brasil. Desse total, na época, os únicos 7 técnicos da Fundação, eram estavam debruçados sobre 114 procedimentos, solicitados em anos anteriores.
O grupo de índios gamelas, do município maranhense de Viana, a 214 quilômetros de São Luís, foi atacado na tarde desse domingo por pistoleiros ligados a invasores de terras e fazendeiros.
Em nota, o Conselho Missionário Indigenista (CIMI) destacou que dezenas de gamelas deixavam uma área reivindicada pela etnia no povoado de Bahias, interior de Viana, quando foram surpreendidos pelo bando armado. O ataque ocorreu entre 16h30 e 17 horas. Nesse momento, ainda segundo o CIMI, uma patrulha da Polícia Militar estava no local, mas não interveio.
Os Gamelas solicitam a demarcação de terras nas cidades de Viana, Penalva e Matinha, numa área total equivalente a quase 14 campos de futebol.
Dos sete feridos, três permanecem em hospitais do Maranhão e nenhum deles, segundo o governador, tiveram as mãos decepadas no ataque.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que vai montar um "comitê de crise" nesta terça-feira (2) para lidar com os desdobramentos dos atos de violência ocorridos neste último domingo.