Após visitar os centros de recepção e triagem de imigrantes na fronteira entre Brasil e Venezuela, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse hoje (23) que episódios de violência que levaram à saída de venezuelanos da cidade de Pacaraima (RR) não são de responsabilidade do governo federal.
“A responsabilidade de fatos como esse tem que ser atribuída à situação trágica que se vive na Venezuela e obviamente essa migração se dá num ponto do Brasil cuja infraestrutura é muito incipiente. O governo federal tem procurado fazer tudo o que está ao seu alcance”, disse Jungmann a jornalistas durante sua visita ao município de Pacaraima.
Questionado se o governo não teria sido omisso em deixar mais de mil imigrantes sem assistência nas ruas de Pacaraima, Jungmann rebateu que a responsável pelos conflitos é a própria crise no país vizinho. Ele enfatizou que a situação é resultado de uma dificuldade que extrapola as fronteiras de vários países.
O ministro reconheceu que existe tensão, mas ponderou que o controle da situação não depende de uma solução isolada do governo federal. “Tem problema tem, tem tensão tem. Onde migração, no mundo, não cria tensão, não cria conflito? Agora, a postura correta é uns procurarem ajudar os outros pra fazer com que rapidamente essas tensões e conflitos possam ser superados e a gente possa viver na normalidade”.
O ministro ainda descartou totalmente a possibilidade de fechamento da fronteira, em respeito a acordos internacionais, à legislação nacional e à política internacional brasileira de recepção humanitária de imigrantes.
Ele citou como exemplo a Colômbia, que recebeu mais de um milhão de venezuelanos e não cogitou fechar a fronteira. E comentou ainda que a Organização dos Estados Americanos (OEA) já convocou uma reunião emergencial para tratar da crise migratória na região.
Mais 40 estações de trabalho serão adicionadas nos postos de triagem para agilizar o processo de registro e documentação dos imigrantes. O objetivo é evitar que eles fiquem nas ruas enquanto esperam a regularização dos documentos.
Sobre o reforço da segurança na região, Jungmann reafirmou que o patrulhamento será reforçado com 120 homens da força nacional (60 deles ainda estão a caminho via terrestre com 16 veículos). Além do contingente de 220 integrantes das forças armadas que já estão na região e passarão a fazer patrulhamento ostensivo na fronteira em apoio à Polícia Federal. O ministro disse ainda que a PF receberá R$ 2 milhões para reforçar sua atuação na fronteira.
O ministro acrescentou que o governo do estado também deve aumentar o efetivo de policiais na cidade, principalmente de agentes da polícia civil para dar continuidade aos inquéritos e investigações que estão em andamento. Em nota, o governo estadual disse que um edital já está aberto para realização de concurso para diferentes áreas da polícia.
Jungmann também foi questionado pelos jornalistas sobre a instalação de um hospital de campanha em Pacaraima para desafogar os hospitais locais que estão sem vagas para atender a brasileiros e venezuelanos.
Segundo o ministro, a cidade já conta com uma unidade deste tipo, mas a informação é negada pela gestão estadual. Em seguida, o Exército esclareceu que se trata de um posto avançado que dá apoio a um Hospital de Campanha