A Polícia Civil do Rio não concluiu as investigações nem prendeu os responsáveis de nenhum dos cinco casos de crianças supostamente mortas durante ações policiais no Estado neste ano. O assassinato mais recente, da menina Ágatha Félix, de 8 anos, voltou a pressionar as instituições policiais e a gestão Wilson Witzel (PSC).
Procurada para elucidar o andamento das apurações, a Polícia Civil só deu informações específicas sobre as investigações relativas a Jenifer Cilene Gomes, de 11 anos, morta em fevereiro em Triagem, na zona norte do Rio. Segundo a PM, a apuração, diferentemente do que disse a família da jovem, aponta que a bala teria partido de uma troca de tiros entre facções. O caso, porém, ainda está em investigação na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
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Além dela e de Ágatha, três crianças foram mortas por balas perdidas no Rio neste ano. O caso de Kauan Peixoto, de 12 anos, está na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que "continua investigando o crime"; o de Kauan Rozário, de 11, cabe à 34ª DP (Bangu); e o de Kauê Ribeiro dos Santos, de 12, teve registro feito na 27.ª DP (Vicente de Carvalho).
Os episódios têm em comum o fato de as famílias acusarem a PM de cometer os crimes. "Minha neta estava armada por acaso para poder levar um tiro?", disse Aílton Félix, avô de Ágatha. A corporação afirma que os policiais militares foram atacados e tiveram de revidar.
Nesta segunda-feira, 23, um protesto contra a política de segurança de Witzel reuniu centenas de pessoas na Assembleia Legislativa do Rio. Tia de Ágatha, Daniele Félix participou do ato. "Estamos aqui para cobrar Justiça. Que este caso não seja mais um na estatística de bala perdida dentro da comunidade", disse. "Ágatha era uma menina linda de 8 anos que estudou a manhã inteira, foi passear com a mãe à tarde e estava a cinco minutos de casa."
Ministério Público
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, braço do Ministério Público Federal, encaminhou nesta segunda ao Conselho Nacional do MP e à Procuradoria-Geral de Justiça do Rio um ofício no qual defende a investigação da morte de Ágatha pelo Ministério Público fluminense.
Segundo a Procuradoria, isso atenderia à determinação de que graves violações dos direitos humanos no contexto de intervenções policiais fiquem sob responsabilidade de autoridade judicial ou do MP.