Técnicos ambientais de Alagoas detectaram na manhã desta quarta-feira, 9, manchas de petróleo na foz do rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, no litoral Sul de Alagoas, durante monitoramento de rotina feito por profissionais do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Capitania dos Portos e Instituto Brasileiro do Meio ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A detecção ocorre no mesmo dia que o governo do Sergipe descobriu que não poderá realizar de imediato seu plano de instalar boias para tentar impedir que o petróleo cru chegue ao rio pelo fato de os equipamentos não estarem disponíveis.
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Foz do Iguaçu
A foz do São Francisco fica na divisa entre Alagoas e Sergipe. Na terça-feira, 8, o governo sergipano declarou que usaria boias absorventes cedidas pela Petrobras para conter o avanço do petróleo cru pelo rio. Nesta quarta, no entanto, o governo estadual foi informado pela direção da estatal que não havia equipamentos disponíveis e que, portanto, o Estado terá de comprar 200 metros de boias, estimadas em R$ 90 mil, de uma empresa do Espírito Santo, o que provavelmente atrasará o plano de contenção.
A informação foi dada pelo diretor-presidente da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), Gilvan Dias. Ele acionou os Ministérios Públicos Estadual e Federal e a Justiça Federal pedindo ajuda. Ao mesmo tempo, comunicou o governador Belivaldo Chagas, que o autorizou a comprar imediatamente o equipamento, valendo-se da decretação da situação de emergência.
"Vamos ver se as boias chegam de forma urgente. Ou até o final da tarde de hoje ou amanhã pela manhã", afirmou Gilvan Dias, ao acrescentar que manchas de óleo já foram encontradas, em pequenas quantidades na foz do Rio São Francisco, em Brejo Grande e Pacatuba.
Nesta terça, 8, a Adema informou que os equipamentos viriam de Pernambuco e Maranhão, junto com funcionários de uma empresa terceirizada com expertise neste tipo de serviço. "Conversei com uma equipe de Pernambuco e eles disseram que estão com dificuldade deste equipamento, porque não tem em lugar nenhum. Ficamos de mãos atadas para o pior acontecer", destacou Gilvan.
Na Petrobras em Sergipe, Gilvan disse que a direção informou que não é dona do equipamento e nesse momento as boias estão indisponíveis. "Ele não explicou como as boias estão sendo utilizadas neste momento", contou Gilvan. Segundo ele, "as coisas no Brasil não são levadas à sério". "Não tem uma política que antecipe problemas. Estamos diante de uma tragédia em toda extensão da costa nordestina e não se dá a devida atenção", criticou.
A Petrobras em Sergipe foi procurada, mas indicou que a reportagem procurasse o setor de comunicação. Procurada, a assessoria de imprensa ainda não respondeu.
Prejuízos
Por meio de assessoria de imprensa, o IMA de Alagoas informou que o aparecimento do petróleo ficou restrito à foz, não chegando a invadir o rio. As manchas foram detectadas um dia depois de uma inspeção aérea feita na região por técnicos dos órgãos envolvidos no monitoramento. Na ocasião, as equipes informaram que as manchas de petróleo cru que atingiram as praias do litoral Sul do Estado não haviam afetado o leito do rio São Francisco até então
"O grupo não avistou manchas se aproximando da areia, assim como também não observou a presença de manchas significativas nas águas do Rio São Francisco", informou o coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA, Ricardo Cesar de Barros Oliveira
Ricardo Cesar alertou para a importância de a população evitar o contato direto com o material. "Ao avistar manchas de óleo nas praias é recomendado informar à prefeitura local imediatamente. Em caso de contato acidental, a indicação é aplicar gelo sobre a área e higienizar, utilizando óleo de cozinha", ressaltou.
Duas tartarugas da espécie Lepidochelys olivacea - popularmente conhecida como tartaruga oliva - foram encontradas cobertas pelo produto. Com isso, subiu para 16 o número de animais atingidos, segundo levantamento divulgado nesta quarta-feira (09) pelo Ibama. Apenas quatro deles sobreviveram, segundo o último boletim do IMA.
Desde o dia 02 de setembro, o Ibama vem estabelecendo uma série de ações, juntamente com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (DF), Marinha e Petrobras, com o objetivo de investigar as causas e responsabilidades do despejo, no meio ambiente, do petróleo cru que atingiu o litoral nordestino.
A Companhia de Abastecimento de Alagoas, até agora, não foi convocada a participar da força-tarefa de monitoramento das manchas de petróleo. Por meio de nota, ela informou que o problema não tem afetado a captação de água no Rio São Francisco, e que a fonte de captação é feita em um ponto distante da foz.
O que fazer se encontrar animais com as manchas de petróleo cru?
1. Não entre em contato com o petróleo. Perigo de alta toxidade! Não tente limpar com sabão, areia, ou qualquer produto químico. Essas substâncias podem disseminar a contaminação do petróleo no ambiente e no animal;
2. Não devolva o animal ao mar. Animais encalhados precisam de avaliação clínica especializada. Caso devolvido sem cuidados adequados, o animal poderá encalhar novamente;
3. Isole a área, evite barulho, conversas, e movimentos que possam estressar o animal. Não alimente e nem force a ingestão de líquidos;
4. Proteja o animal do sol (com guarda-sol, panos limpos) e aguarde a chegada da equipe de resgate.
Fonte: PCCB-UERN (Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte).
Telefones úteis em Pernambuco
Em Pernambuco, caso você encontre animais com manchas de petróleo, ligue para a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), através do telefone (81) 3181-8817 ou para a Capitania dos Portos de Pernambuco, pelo telefone (81) 3334-5203.
Localidades afetadas
Para saber quais foram as localidades afetadas no Nordeste para clicar aqui.