ONU e OMS prometem meios sem precedentes para combater o Ebola

Mais de 1.400 pessoas morreram na África e outros 142 casos foram registrados nesta semana, totalizando 2.615 infectados.
Da AFP
Publicado em 23/08/2014 às 13:36
Mais de 1.400 pessoas morreram na África e outros 142 casos foram registrados nesta semana, totalizando 2.615 infectados. Foto: Foto: AFP


A ONU e a Organização Mundial da Saúde (OMS) prometeram neste sábado (23) fornecer meios "sem precedentes" à Libéria para combater a propagação do vírus Ebola.

"Esta epidemia excepcional exige uma mobilização sem precedentes", afirmou o coordenador da ONU para o combate do Ebola, David Nabarro, segundo um comunicado da OMS. "Uma nova forma de coordenação permitirá garantir que os recursos adequados alcancem os setores que mais necessitam", completou.

A epidemia não tem precedentes desde a descoberta da doença, em 1976. A ebola segue se propagando na Libéria, país mais afetado pelo vírus, ao mesmo tempo que a morte de 13 pessoas por uma febre "de origem indeterminada" na República Democrática do Congo provoca preocupação.

A Costa do Marfim anunciou o fechamento das fronteiras terrestres com Guiné e Libéria, com o objetivo de "proteger o conjunto das populações, inclusive estrangeiras, que vivem em território marfinense".

De acordo com o registro mais recente da OMS, de 20 de agosto, foram registrados 1.082 casos na Libéria, 624 deles fatais. Este é o país mais atingido pela epidemia, que também afeta Serra Leoa, Guiné e, em menor medida, Nigéria. No total morreram 1.427 pessoas.

A OMS anunciou neste sábado que a capital liberiana, Monróvia, terá 500 leitos adicionais para lutar contra a epidemia de Ebola na Libéria. "A OMS se compromete a intensificar o trabalho com os sócios para construir centros médicos adicionais em toda a Monróvia e aumentar o número de leitos para o Ebola em mais 500 nas próximas seis semanas", declarou o diretor adjunto da OMS para a segurança sanitária, Feiji Fukuda.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que tem um centro com 120 leitos em Monróvia, informou na quinta-feira que pretendia ampliar o local para 400 no prazo de 10 dias.

Fukuda advertiu na sexta-feira na Libéria que "deter a epidemia não será fácil". "Esperamos vários meses de trabalho árduo, vários meses para lutar contra esta epidemia", declarou Fukuda em uma entrevista coletiva em Monróvia ao lado de Nabarro.

David Nabarro desembarcou na quinta-feira no país, em plena crise de saúde, na primeira etapa de uma viagem por Libéria, Serra Leoa, Guiné e Nigéria.

A Libéria é considerada a nação menos preparada das quatro afetadas para enfrentar a epidemia, levando em consideração o número irrisório de médicos do país: 0,1 para 10.000 habitantes, contra 2,6 em média no continente africano, segundo a OMS. Além disso, o único crematório do país está lotado com dezenas de corpos recolhidos diariamente, segundo a Cruz Vermelha.

Na sexta-feira, várias fontes anunciaram os primeiros casos de Ebola no sudeste da Libéria, perto da fronteira com a Costa do Marfim. Esta era a última região da Libéria que não havia sido atingida pela epidemia, que afeta a África Ocidental desde o início do ano, afirmou George Williams, secretário-geral do sindicato dos profissionais de saúde do país.

Duas pessoas morreram em Gbokon-Jelee, uma cidade do sudeste da Libéria que atrai um grande número de comerciantes de ouro, inclusive da Costa do Marfim.

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