Milhares fogem de ataque do Boko Haram na Nigéria

Centenas de camaroneses também estão abandonando suas casas desde que extremistas da Nigéria começaram a atacar vilarejos no país
Karol Albuquerque
Publicado em 03/09/2014 às 19:15


Milhares de pessoas fugiram do nordeste da Nigéria para Camarões informou a Agência Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur), nesta quarta-feira (3), enquanto extremistas buscam uma nova estratégia para manter as terras que chamam de "califado islâmico".

Centenas de camaroneses também estão abandonando suas casas desde que extremistas islâmicos da Nigéria começaram a atacar vilarejos no país vizinho, na última semana, informou a porta-voz da Acnur, Helene Caux.

A organização fundamentalista islâmica Boko Haram cortou as gargantas de três pessoas encontradas em uma igreja católica na vila camaronense de Assighassia, disse Caux. Essa é uma nova tática do grupo, que previamente só realizava sequestro de cidadãos camaronenses para receber resgate em dinheiro. 

Mais de 10 mil nigerianos foram para Camarões e Níger, capital da Nigéria, desde a última semana, informou Caux. Outros 1.700 camaronenses fugiram de suas casas próximas a fronteira para o interior do país. Camarões está abrigando cerca de 39 mil refugiados nigerianos e Níger em torno de 50 mil, além dos estimados 645 mil nigerianos desalojados dentro do país devido à revolta islâmica, de acordo com a Acnur.

O mais recente fluxo de nigerianos para Camarões vem de Bama, segunda maior cidade no estado de Borno, no nordeste da Nigéria. O governo do Estado disse na terça-feira que Bama não sucumbiu ao Boko Haram, negando relatos de residentes e oficiais de segurança de que a cidade teria sido ocupada por extremistas.

O senador do sul do Estado de Borno, Ali Ndume, disse que a situação continua confusa e há relatos conflitantes. Ele disse que foi um erro um bombardeio nigeriano contra os militantes que invadiram os quartéis militares em Bama. O ataque aconteceu após soldados expulsarem os rebeldes, matando tropas e civis que tem procurado abrigo nos quartéis, disse Ndume.

Apenas os que são muito velhos ou estão muito doentes para ir embora continuam em Bama, que tem uma população de 200 mil habitantes, de acordo com Ndume.

Ocupar Bama abriria caminho para os extremistas atacarem a capital do estado, Maiduguri, cidade a 70 km de distância que é também sede da campanha militar nigeriana para conter Boko Haram. Enquanto o medo de um ataque cresce, o Exército estendeu o toque de recolher em Maiduguri nesta semana, determinando que as pessoas permaneçam em casa das 19h às 6h.

O Exército não comentou oficialmente o assunto, mas o porta-voz do Ministério da Defesa, major-general Chris Olukolade, postou em seu perfil do Twitter nesta quarta-feira que "Bama não está nas mãos dos terroristas; a situação na região está controlada".

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