O Irã ainda tem explicações a dar a respeito de uma suposta pesquisa sobre bombas atômicas à agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU), disse o chefe da entidade nesta quinta-feira (20), apenas quatro dias antes do prazo final para um acordo abrangente entre Teerã e seis potências mundiais para encerrar uma polêmica de 12 anos.
Leia Também
Após quase um ano de diplomacia difícil, Washington pressiona para obter pelo menos as linhas gerais de um acordo futuro, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, irá participar de conversas com Irã, China, EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha, o chamado P5+1, na sexta-feira.
Mas Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), deixou claro que sua entidade está longe de satisfeita, dizendo que a AIEA não está em condição de oferecer "garantias críveis" de que o Irã não tem materiais e atividades nucleares não declarados.
"O Irã não forneceu explicações que permitam à agência esclarecer as medidas práticas extraordinárias", declarou Amano ao conselho de 35 países da entidade que representa.
O acordo almeja estabelecer limites às atividades atômicas iranianas em troca do fim das sanções internacionais que prejudicaram seriamente a economia do país, dependente das exportações de petróleo.
Uma das condições das autoridades ocidentais é que Teerã pare de dificultar a investigação da AIEA sobre as alegações de que o país pode ter trabalhado no projeto de um míssil para ogivas nucleares, embora alguns especialistas opinem que o tema não deve condicionar o entendimento.
KERRY - Nesta quinta, o secretário de Estado americano, John Kerry, viajará a Viena para se encontrar com a equipe americana antes das negociações com o Irã. Na França, ele disse que as potências "trabalham com afinco por um acordo final".
As potências desejam que a República Islâmica reduza seu arsenal ao ponto que não seja capaz de desenvolver uma bomba atômica, o que é recusado por Teerã.
Esta questão tem envenenado as relações entre o Irã e o Ocidente há dez anos. As tensões chegaram até a ameaças de guerra, alimentadas, em especial, pelo medo que um Irã nuclear inspira em Israel e nos países árabes do Golfo.