Treinamento policial

Após protestos, NY dará treinamento à polícia

A nova abordagem incluirá o uso menor da força, quando possível, e um processo de "desescalada", que orienta os policiais a aliviarem a tensão no contato com a população

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Publicado em 04/12/2014 às 23:00
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A nova abordagem incluirá o uso menor da força, quando possível, e um processo de "desescalada", que orienta os policiais a aliviarem a tensão no contato com a população - FOTO: MICHAEL B. THOMAS / AFP
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Na tentativa de dar uma resposta rápida aos protestos em Nova York contra o não indiciamento de um policial branco que matou um homem negro durante uma batida, o prefeito Bill de Blasio anunciou nesta quinta-feira (4) que 22 mil policiais da cidade passarão por novo treinamento.

Em entrevista ao lado do chefe da polícia de Nova York, William Bratton, Blasio afirmou que "a relação entre a polícia e a comunidade tem de mudar".

Na última quarta, um júri de Staten Island decidiu não indiciar o policial Daniel Pantaleo, 29, que matou por sufocamento Eric Garner, 43, suspeito de vender cigarros contrabandeados em julho.

A decisão ganhou ainda mais repercussão por ocorrer dias depois de um júri do Missouri também livrar do indiciamento o policial branco que matou o jovem negro Michael Brown, 18, em agosto.

"Questões fundamentais estão sendo levantadas, e com razão", disse o prefeito. "As pessoas precisam saber que as vidas de negros e pardos são tão importantes quanto as dos brancos."

O novo treinamento, que terá duração de três dias e será aplicado à maior parte da força policial de Nova York, de mais de 34 mil agentes, não foi detalhado. Blasio afirmou, no entanto, que a nova abordagem incluirá o uso menor da força, quando possível, e um processo de "desescalada", que orienta os policiais a aliviarem a tensão no contato com a população.

A prefeitura também vai acelerar a implementação de um projeto-piloto para o uso de câmeras em uniformes.

Cerca de 60 agentes começarão a usar os equipamentos já neste final de semana --o prazo dado anteriormente era até o fim do ano.

Segundo a autópsia, Garner morreu em decorrência de uma "gravata" aplicada por Pantaleo e da pressão de seu tórax contra o chão ao ser detido por cinco policiais.

O movimento usado pelo policial para conter Garner é proibido pela polícia de NY. "Ele estava tentando usar um movimento que aprendeu na academia. Não pretendia aplicar força contra o pescoço", disse o advogado de Pantaleo, Stuart London, a uma rádio.

A viúva de Garner, Essaw, rejeitou as condolências do policial. "A hora de se desculpar ou ter qualquer remorso deveria ter sido quando meu marido estava gritando que não conseguia respirar."

O secretário de Justiça, Eric Holder, reforçou nesta quinta-feira que o departamento fará sua própria investigação.

Holder esteve em Cleveland, Ohio, para anunciar uma reforma da polícia na cidade. Investigação de um ano e meio apontou incidentes de uso inapropriado da força. No dia 24, um policial de Cleveland matou um menino de 12 anos que brincava com uma arma de plástico.

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