Os combates ganharam em intensidade na Ucrânia nesta sexta-feira (5), a poucos dias da entrada em vigor de um cessar-fogo que tentará acabar com oito meses de conflito. Neste contexto, seis soldados ucranianos morreram no leste separatista pró-russo nesta sexta.
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Este não é o primeiro anúncio de cessar-fogo e todos têm encarado com certa cautela. Na Basileia, Suíça, o chefe da diplomacia ucraniana, Pavlo Klimkin, lembrou que a Ucrânia "precisa de um cessar-fogo real, e não um simples anúncio".
O chanceler, que participa de uma reunião ministerial da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), se referia ao anúncio feito na véspera pela presidência ucraniana e os separatistas pró-russos sobre um cessar total dos disparos no leste rebelde a partir de 9 de dezembro.
Mas não há sinais de que a violência tenha diminuído com a aproximação da trégua. Seis militares ucranianos morreram nas últimas 24 horas e 13 ficaram feridos nos combates com separatistas, segundo indicou em Kiev o porta-voz del exército Andrii Lysenko.
Ele não informou onde os soldados foram mortos, mas disse que "vários ataques inimigos" contra o aeroporto de Donetsk, um dos principais pontos quentes do conflito, foram repelidos.
Outro porta-voz militar ucraniano, Oleksiy Dmytrachkivski, disse à AFP que os rebeldes disparavam principalmente a partir da localidade de Piski, perto do aeroporto, em grande parte destruída, e que "um foguete Grad atingiu uma tenda onde soldados estavam reunidos".
Na terça-feira, um líder separatista chegou a anunciar um cessar-fogo na área do aeroporto de Donetsk após negociações entre generais russo e ucraniano, os insurgentes e a OSCE.
Em meio à tensão, alguns meios de comunicação ucranianos afirmaram que muitos homens das "tropas de elite russas" foram mortos nos combates em torno do aeroporto e que a necessidade de recuperar seus corpos era a razão para esta pequena trégua.
Um primeiro cessar-fogo já havia sido alcançado em Minsk, em 5 de setembro entre Kiev e os rebeldes, durante negociações com a participação da Rússia e da OSCE, mas que nunca foi realmente implementado.
"Não deve se tratar apenas de promessas. Deve haver uma aplicação real no terreno", insistiu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavlo Klimkin, à margem da reunião ministerial.
De acordo com ele, a Ucrânia busca organizar na próxima semana uma reunião do grupo de contato que reúne representantes de Kiev, dos separatistas, da OSCE e da Rússia.
DESESCALADA - Acusado por Kiev e o Ocidente de armar os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia e de enviar tropas, Moscou nega qualquer envolvimento no conflito que já custou mais de 4.300 vidas desde meados de abril, mas participa das negociações de paz como um mediador.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, também presente na Basileia, reconheceu que o acordo de cessar-fogo concluído em setembro "não foi totalmente implementado", salientando que as negociações prosseguem com vista a estabelecer uma linha de demarcação entre os dois campos.
Em uma visita ao Cazaquistão, o presidente francês, François Hollande, pediu uma "desescalada" do conflito, no rescaldo de um discurso de Vladimir Putin onde o presidente russo apontou a responsabilidade do Ocidente nesta crise.
Enquanto a Rússia tem sido atingida por pesadas sanções econômicas ocidentais desde a anexação da Crimeia em março, o presidente francês ressaltou que "a tensão, a pressão, nunca são soluções".
Da mesma forma, o chefe da diplomacia italiana Paolo Gentiloni, cujo país detém a presidência rotativa da União Europeia, considerou que a UE não é uma "torneira de sanções."
O progresso do diálogo entre europeus e russos depende "da disponibilidade da Rússia para implementar os acordos de Minsk", frisou.