Os seis prisioneiros de Guantánamo que foram transferidos para o Uruguai no último domingo (7) viverão por até dois meses numa casa emprestada pelo principal sindicato de trabalhadores do país.
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Segundo Fernando Gamdera, secretário de relações internacionais do PIT-CNT (Plenário Intersindical de Trabalhadores - Convenção Nacional de Trabalhadores), os ex-detentos ficarão num imóvel do sindicato em Montevidéu assim que deixarem o Hospital Militar da cidade, onde passam por avaliação clínica.
A organização, no entanto, tem mantido sigilo sobre a localização da casa, que não é um endereço conhecido do sindicato.
"Queremos manter a privacidade deles, por isso escolhemos esse local", disse Gamdera.
Os seis ex-prisioneiros --quatro sírios, um palestino e um tunisiano, com idades entre 32 e 49 anos-- chegaram em Montevidéu na madrugada de domingo e foram encaminhados ao Hospital Militar, onde permanecem internados até a manhã desta quarta-feira (10).
O governo uruguaio deverá conceder, em breve, o status de refugiado aos seis, que poderão viver e trabalhar no país, e ainda solicitar refúgio para a família.
Ao contrário do que ocorreu em outros casos de transferência de prisoneiros de Guantánamo, no entanto, o presidente do Uruguai, José Mujica, disse que o grupo é livre para deixar o país quando quiser.
PRINCÍPIO
Gambera explica que o governo uruguaio contactou organizações sociais do país para que contribuíssem de alguma forma na readaptação dos ex-prisioneiros.
"Um princípio nosso é a solidariedade, então logo quisemos contribuir de alguma forma", disse o secretário.
Apesar de não ter sido estipulado um período para a permanência dos ex-prisioneiros no imóvel, Gambera acredita que eles não ficarão mais de dois meses --tempo que seria usado para eles se ambientarem à cidade, procurarem emprego, intensificarem os estudos de espanhol já iniciados na prisão de Guantánamo.
Segundo Gambera, o local já está pronto para receber o grupo. "Assim que fomos informados pelo governo que seria feita a transferência, já preparamos a casa para recebê-los. Agora é saber quando os médicos vão liberá-los."
A previsão de alta do hospital era, inicialmente, para esta terça-feira (9), mas os seis seguiam no complexo até as 22h.
Em março, o presidente uruguaio, José Mujica, havia aceitado receber prisioneiros da controversa prisão americana de Guantánamo, em Cuba. O processo, no entanto, teria ficado parado nos últimos meses por decisão do secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel.
A transferência de prisioneiros é o primeiro passo para cumprir a promessa de Barack Obama de fechar Guantánamo. No caso do Uruguai, os seis não haviam sido acusados formalmente por nenhum crime e estavam presos há 12 anos.