A Coreia do Norte ficou sem conexão com a internet na segunda-feira em consequência de uma falha, que só foi restabelecida nesta terça-feira, após mais de nove horas, segundo analistas, que acreditam em uma possível represálias após o ataque contra a Sony.
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As quatro redes de internet disponíveis na Coreia do Norte permaneceram desconectadas durante nove horas e 31 minutos, segundo a empresa Dyn Research, que tem sede nos Estados Unidos e é especializada em segurança informática.
As causas da falha ainda não foram determinadas.
"A Coreia do Norte está totalmente desconectada da internet", afirmou na segunda-feira à AFP Earl Zmijewski, vice-presidente da Dyn Research.
O colapso da rede aconteceu poucos dias depois do presidente americano, Barack Obama, anunciar represálias pelo ataque cibernético contra a Sony, atribuído pelo FBI a Pyongyang.
A Dyn Research explicou durante a segunda-feira que as conexões de internet entre a Coreia do Norte e o restante do mundo - que geralmente são ruins - começaram a sofrer interrupções no fim de semana.
"Desta vez é diferente dos cortes que detectamos antes", disse Zmijewski, que insistiu ser impossível determinar a causa.
"Eles poderiam ter decidido simplesmente cortar as conexões ou são vítimas de uma falha ou ataque", comentou.
O governo americano acusa a Coreia do Norte de estar por trás do ataque contra a Sony Pictures, o que Pyongyang nega veementemente.
Em uma entrevista exibida no domingo pelo canal CNN, Obama disse que "não foi um ato de guerra, e sim um ato de ciber vandalismo, que foi muito caro".
Ao mesmo tempo, prometeu uma resposta "proporcional" ao ataque, em revelar detalhes.
No Departamento de Estado, a porta-voz adjunta Marie Harf afirmou que não estava em condições de comentar as informações sobre os problemas de conexão com a internet na Coreia do Norte.
"A administração Obama examina uma série de opções em resposta ao ciberataque. Entre nossas respostas, algumas serão visíveis, outras não", afirmou Harf.
Na segunda-feira, a Coreia do Norte foi alvo de uma enxurrada de críticas na reunião do Conselho de Segurança da ONU.
Durante a primeira reunião do Conselho completamente dedicada à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, liderou as acusações contra o regime comunista no poder em Pyongyang.
Na reunião, a embaixadora americana se referiu brevemente ao ataque cibernético à Sony Pictures.
"Não satisfeito com negar a liberdade de expressão a seus próprios cidadãos, o regime da Coreia do Norte agora parece estar decidido a impedir que nossa nação usufrua dessa liberdade fundamental", declarou.
Já a China defendeu um diálogo entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte sobre os ataques informáticos, sem comentar, no entanto, a longa interrupção da internet ocorrida na segunda-feira em seu vizinho e aliado norte-coreano.
"Tomamos nota das posições expressadas pelos Estados Unidos e a República Democrática Popular da Coreia (RDPC) nos últimos dias. Esperamos que os Estados Unidos e a RPDC possam se comunicar sobre isso", afirmou uma porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying.
O ciberataque contra a Sony Pictures, o maior desta natureza contra uma empresa americana, segundo o FBI, obrigou o estúdio a cancelar a estreia da comédia "A Entrevista", uma sátira sobre um complô fictício da CIA para assassinar o dirigente norte-coreano Kim Jong-Un. Pyongyang nega qualquer responsabilidade no ataque.