O serviço de internet na Coreia do Norte foi restaurado nesta terça-feira (23) depois que várias páginas da imprensa oficial ficaram fora do ar por cerca de nove horas.
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A interrupção aconteceu depois que os Estados Unidos anunciaram que responderiam "de forma proporcional" ao ciberataque contra a Sony Pictures Entertainment, mas autoridades do país negaram envolvimento com o blecaute da internet norte-coreana.
Os EUA acusaram diretamente a Coreia do Norte de estar por trás do ciberataque à Sony, mas o regime norte-coreano negou taxativamente seu envolvimento e ameaçou os EUA com ataques à Casa Branca e ao Pentágono.
A empresa norte-americana Dyn, que monitora a infraestrutura da internet, disse que a razão para a queda não era conhecida, mas afirmou que as possibilidades vão desde falhas técnicas a um ataque de hackers.
Quase todos os links e o tráfego de internet da Coreia do Norte passam pela China, e o governo de Pequim disse ser "irresponsável" qualquer sugestão de envolvimento chinês.
Segundo a imprensa sul-coreana, os principais sites norte-coreanos permaneceram fora do ar, de forma descontínua, de 1h até as 10h45 locais desta terça-feira (14h às 23h45 de Brasília da segunda-feira), entre elas o da agência estatal de notícias KCNA e o do jornal "Rodong Sinmun", dois veículos da imprensa oficial de Pyongyang.
Funcionaram com normalidade, porém, os sites do regime cujos servidores estão no exterior, como a página "Uriminzokkiri" e o jornal "Choson Sinbo" da comunidade norte-coreana no Japão.
Apesar de o regime norte-coreano não ter se pronunciado sobre o blecaute temporário, nem confirmado que o mesmo foi causado por um ataque cibernético, alguns meios da imprensa sul-coreana sugeriram a possibilidade de que o apagão seja uma represália dos Estados Unidos após o ataque cibernético contra a Sony.
HACKERS - O apagão gerou grande interesse, já que ocorre em plena polêmica iniciada com o ataque de hackers aos estúdios Sony.
O ataque, no qual foram roubados e divulgados milhares dos e-mails e dados dos funcionários da empresa entre o final de novembro e o início de dezembro, é considerado como uma ação de represália contra o filme "A Entrevista", uma comédia que conta a história de um complô para assassinar o ditador norte-coreano Kim Jong-un.
A Sony cancelou a estreia do filme protagonizado por Seth Rogen e James Franco, que aconteceria no dia 25 de dezembro, depois que o mesmo grupo de hackers que assumiu a autoria do ataque cibernético, Guardians of Peace (Guardiões da Paz), ameaçou cometer atos terroristas contra as salas de cinema que decidissem exibi-lo.
CHINA - O governo da China negou nesta terça-feira qualquer relação com os cortes de internet que afetaram sites oficiais da Coreia do Norte.
A suposta vinculação da China com os problemas de conexão "se baseia em especulações jornalísticas irresponsáveis e nada profissionais", assinalou em entrevista coletiva a porta-voz do Ministério chinês de Relações Exteriores, Hua Chunying.
Hua também expressou o desejo de que os EUA e a Coreia do Norte tratem conjuntamente os problemas de cibersegurança sofridos nos últimos dias, apesar de Washington ter afirmado que considerava absurda a proposta de Pyongyang de investigar conjuntamente o ciberataque à Sony.
Na segunda (22), o governo da China condenou o ataque contra a Sony Pictures Entertainment e manifestou sua oposição a qualquer forma de "terrorismo cibernético", embora tenha evitado responsabilizar diretamente a Coreia do Norte.