Diplomacia

Obama descarta novo prazo para negociações nucleares com Irã

A data-limite para a obtenção de um acordo é 31 de março deste ano

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Publicado em 09/02/2015 às 18:20
Foto: SAUL LOEB / AFP
A data-limite para a obtenção de um acordo é 31 de março deste ano - FOTO: Foto: SAUL LOEB / AFP
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerou nesta segunda-feira que não há razões para prolongar as conversas com o Irã sobre seu polêmico programa nuclear e que, agora, cabe a Teerã decidir.

"Não vejo como uma extensão (dos diálogos) seja útil, se não chegaram a um acordo sobre uma fórmula básica e as linhas gerais que o mundo exige para ter confiança de que não estão atrás de uma arma nuclear", disse Obama, em entrevista coletiva, acompanhado da chanceler alemã, Angela Merkel, na Casa Branca.

"Agora, estamos em uma posição melhor do que quando o programa foi estabelecido (...) Os temas foram trabalhados e esclarecidos o suficiente. Chegamos a um ponto, no qual eles devem decidir, se quiserem tomar uma decisão", insistiu o presidente.

Para Obama, as negociações dependem de que o Irã tenha vontade política "e o desejo de concluir um acordo", já que os obstáculos não são mais técnicos.

A data-limite para a obtenção de um acordo é 31 de março próximo.

Se os iranianos "dizem a verdade, e é certo que eles não almejam desenvolver armas nucleares, que, como diz seu guia supremo, seriam contrárias a sua religião, um acordo deveria ser possível", opinou Obama.

O presidente reconheceu que tem "verdadeiras diferenças" com Israel sobre o tema do Irã, sobretudo, depois que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que fará um discurso em 3 de março no Congresso americano, ameaçando Teerã com novas sanções.

"Não tem sentido arruinar as negociações um mês, ou dois antes, quando estão perto do fim (...). Por que se precipitar?", questionou.

Obama garantiu que os EUA mantêm um "laço indissolúvel" com Israel, apesar de se recusar a receber o premiê israelense, durante sua visita a Washington em março.

Em meio à queda de braço com Netanyahu pelas negociações sobre o programa nuclear iraniano, Obama alegou que "questões protocolares" proibiam seu encontro com o líder israelense, candidato à reeleição no pleito de 17 de março.

"Não podemos nos reunir com outros líderes durante as duas semanas prévias às eleições", alegou Obama, na entrevista coletiva com Merkel.

A relação entre Israel e Estados Unidos "tem a ver com o laço indissolúvel que sentimos e com nosso compromisso com a segurança israelense e com os valores que compartilhamos", frisou o presidente.

"A maneira de preservar isso é assegurar a transparência para que não surjam suspeitas de favoritismos partidários", justificou.

O secretário de Estado americano, John Kerry, confirmou 31 de março como o prazo para se chegar a um marco de acordo básico sobre o programa nuclear iraniano.

Na sexta-feira, Kerry se reuniu com o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, e, mais uma vez no domingo, em Munique, onde o secretário americano destacou o compromisso dos Estados Unidos para conseguir um acordo antes dessa data.

As grandes potências reunidas no chamado P5+1 (França, Grã-Bretanha, Rússia, Estados Unidos, China e Alemanha) esperam alcançar um acordo com o Irã antes de 31 de março para, então, negociar um acordo global que inclua os aspectos técnicos no mais tardar até 30 de junho.

O prazo final para as negociações já foi adiado duas vezes.

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