Conflito

Assad afirma receber informações sobre ataques da coalizão contra o EI na Síria

Presidente disse que os ataques aéreos poderiam ajudar seu governo, mas lamentou que até o momento estes não foram ''suficientemente sérios''

Da AFP
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Publicado em 10/02/2015 às 15:30
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Presidente disse que os ataques aéreos poderiam ajudar seu governo, mas lamentou que até o momento estes não foram ''suficientemente sérios'' - FOTO: Foto: AFP
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O presidente Bashar al-Assad afirmou que recebe informações sobre os ataques aéreos da coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, e destacou que estes poderiam ajudar seu governo se fossem "mais sérios".

Em uma entrevista à BBC, o presidente sírio negou o uso por seu exército de barris de explosivos, que mataram milhares de civis nas zonas rebeldes.

"Às vezes enviam uma mensagem, uma mensagem geral", disse Assad em uma entrevista à BBC em Damasco, em referência à aliança liderada pelos Estados Unidos, que desde 23 de setembro executa ataques aéreos contra o EI no território sírio.

"Não há diálogo. Digamos que há informação, mas não diálogo", explicou.

"Não existe uma cooperação direta", completou, antes de afirmar que as informações chegam ao governo sírio por terceiros.

Damasco aceitou a contragosto a campanha de ataques aéreos contra o EI, iniciada em seu território em 23 de setembro, e criticou em muitas ocasiões a coalizão liderada pelos Estados Unidos por não entrar em coordenação com o governo sírio.

Segundo o governo, os ataques aéreos não podem derrotar o grupo jihadista enquanto a comunidade internacional não cooperar com as tropas sírias.

Assad disse que os ataques aéreos poderiam ajudar seu governo, mas lamentou que até o momento estes não foram "suficientemente sérios".

A campanha aérea "teria alguns benefícios, mas se fosse mais séria, mais eficaz e mais eficiente".

Segundo vários analistas, a campanha aérea contra o EI permitiu ao governo sírio concentrar-se em outros grupos rebeldes. 

Vários líderes opositores acusaram justamente Washington de abandono, pela dedicação a atacar apenas os jihadistas, mas não as forças de Assad.

Uma grande parte do território está fora do controle do governo na Síria, onde o surgimento do EI desde 2013 ofuscou a guerra entre rebeldes sírios moderados e o regime, que em 11 de março entrará no quinto ano.

Na entrevista à BBC, Assad descartou uma união com a coalizão no combate ao EI.

"Definitivamente, não podemos, nem temos a vontade nem queremos, por uma simples razão: não queremos uma aliança com países que apoiam o terrorismo".

O comentário parece ser uma referência ao apoio da coalizão a outros grupos rebeldes, que lutam para derrubar Assad, e que o governo sírio classifica de "terroristas".

O presidente sírio afirmou que as autoridades americanas "pisam com facilidade na legislação internacional, que envolve a nossa soberania. Então, eles não falam conosco e nós não falamos com eles".

10 milhões de deslocados 

Desde o início do conflito sírio em março de 2011, mais de 210.000 pessoas morreram no país. O conflito provocou o deslocamento de 10 milhões de pessoas, incluindo quatro milhões que buscaram refúgio no exterior.

Os grupos de defesa dos direitos humanos acusam o exército sírio de matar civis de maneira indiscriminada em seus ataques aéreos, com o uso de barris carregados de explosivos.

Assad negou que o exército do país utilize barris de explosivos e estilhaços, que seriam lançados por helicópteros em ações devastadoras para a população civil.

"Eu não ouvi sobre o exército usando barris ou talvez panelas de pressão", completou o presidente, com um sorriso ao final da frase.

"Temos bombas, mísseis e balas. Não há armas indiscriminadas. Quando você atira, você aponta, você aponta para os terroristas com o objetivo de proteger os civis", explicou.

Assad também negou o uso de armas químicas contra a população civil em agosto de 2013, em um ataque na região de Damasco que matou 1.400 pessoas.

"Quem verificou quem jogou gás em quem?", questionou.

O presidente sírio negou categoricamente uma responsabilidade do governo neste ataque e chamou de "exagerado" o balanço de mortos.

Também negou o uso por parte do governo de gás de cloro, outra acusação recorrente desde que a Síria renunciou ao arsenal químico após um acordo em 2013.

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