Argentina

Agentes comiam croissants na cena do crime, diz testemunha do caso Nisman

A informação oficial é de que a arma que atingiu Nisman fez apenas um disparo naquela noite

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Publicado em 17/02/2015 às 15:58
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A informação oficial é de que a arma que atingiu Nisman fez apenas um disparo naquela noite - FOTO: Foto: STR /AFP
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Uma nova testemunha do caso que apura a morte do promotor argentino Alberto Nisman apareceu nesta terça (17).

Natalia Fernández, 26, trabalha em um restaurante perto do prédio de Nisman, que foi encontrado morto em seu apartamento há um mês.

Fernández afirmou que, na noite de domingo (18 de janeiro), autoridades judiciais a convocaram para ser testemunha do que havia ocorrido em um apartamento próximo dali. Ela disse, em entrevista ao jornal "Clarín", que foi levada ao apartamento de Nisman e que ficou ali durante sete horas.

Na entrevista, Fernández conta a que promotora Viviana Fein segurava uma bolsinha com cinco cápsulas de bala na mão. A informação oficial é de que a arma que atingiu Nisman fez apenas um disparo naquela noite.

CHIMARRÃO E CROISSANTS

Fernández narrou ao jornal o que afirma ter visto no apartamento naquela noite.

Segundo ela, logo após chegar, duas pessoas saíram carregando o corpo que seria de Nisman. Passaram-se uns minutos e voltaram, dizendo que tinham se equivocado sobre o caminho e rindo.

Durante o tempo em que permaneceu no apartamento, Fernández disse que usou o banheiro sem que ninguém se preocupasse se teria provas no local. E que lhe ofereceram café da cafeteira da casa do promotor, próxima à mesa onde estavam os papeis da denúncia de Nisman.

A testemunha afirmou ainda que os funcionários mexeram nos documentos do promotor.

"Eles tomavam chimarrão e pediam medialunas [croissants]. Tocavam em tudo. Havia umas 50 pessoas ali. A promotora [provavelmente Viviana Fein] perguntava: paramos por agora e continuamos amanhã?", descreveu Natalia Fernández ao "Clarín".

A jovem disse ainda que peritos com traje especial levavam o celular do promotor, mas que em seguida uma agente, sem nenhuma proteção, pegou o aparelho para atender a uma chamada. "Eu mesma disse a ela 'não toque, é o telefone do cara que mataram'", contou.

Fernández tem uma foto, que tirou do celular, como "prova" de sua presença no local como testemunha. Ela também fotografou um documento em que aparentemente é citada como testemunha.

A jovem disse que não leu os documentos que assinou. O "Clarín" publicou o que seria o testemunho, onde se pode ler "morte duvidosa" e "Viviana Fein".

PROMOTORA DESMENTE

Após a divulgação da reportagem do "Clarín", Viviana Fein concedeu entrevista por telefone ao canal de TV TN, nesta terça (17).

Fein desmentiu as afirmações de Natalia Fernández, classificando-as de "fantasiosas" e de "vergonha".

Ela afirmou que havia apenas uma cápsula de bala no local e que no tambor da arma havia quatro balas.

A promotora disse que não se lembra da jovem, mas não negou que ela estivesse no local. "Ela está mentindo, o que diz não é reprodução do que ocorreu [naquela noite]", afirmou, acrescentando que Fernández terá que responder pelo que disse.

AMEAÇAS

A jovem disse que decidiu expor o que havia ocorrido naquela noite porque ficou com medo. Depois daquele dia, ela disse que um homem a procurou e perguntou se era ela a testemunha do caso Nisman.

Natalia Fernández contou ainda que recebeu ligações de uma outra pessoa oferecendo proteção. Em troca, deveria contar tudo o que sabia.

Nesta terça (17), a jovem confirmou o que havia contado ao jornal. Disse que estava com medo e pediu proteção judicial.

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