O fluxo de armamento pesado e tropas vindo da Rússia é apontado pela Comissão de Direitos Humanos da ONU como uma das principais causas para a intensificação e a mortalidade do conflito no leste da Ucrânia.
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Em relatório divulgado nesta segunda-feira (2), a entidade estima que mais de 6.000 pessoas morreram desde abril, quando começaram os enfrentamentos. Destas, 842 foram mortas entre meados de janeiro e meados de fevereiro deste ano.
Para a comissão, há informações confiáveis de que houve um fluxo contínuo de armamento sofisticado e combatentes vindos de outros países saindo do território russo para as regiões de Donetsk e Lugansk, principais palcos do conflito.
"Isso alimentou a escalada do conflito e as novas ofensivas de grupos armados, minando o potencial para a paz enquanto os grupos armados estenderam suas áreas de controle. Isso levou a um aumento significante das mortes militares e civis".
O vice-secretário-geral da comissão da ONU, Ivan Simonovic, disse que o conflito poderá ganhar proporções internacionais se os separatistas pró-Rússia tentarem dominar a cidade de Mariupol, controlada pelo governo ucraniano.
Desde o início da retirada das tropas da região, na semana passada, as autoridades de Kiev acusam os separatistas de tentar reagrupar seus homens e seus armamentos para tentar dominar a cidade, o que é negado pelos rebeldes.
Em 18 de fevereiro, os separatistas tomaram o controle de Debaltseve, cidade que era dominada pelo governo, apesar do início do cessar-fogo acertado no dia 12 em um acordo mediado por Rússia, Alemanha e França.
RESTRIÇÕES
A comissão também critica o governo ucraniano por impor restrições de viagem aos civis de Donetsk e Lugansk, dificultando a saída da zona de conflito. Ambos os lados também foram criticados por manter civis presos sem acusações.
O relatório é divulgado horas antes de uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado americano, John Kerry, na qual a crise na Ucrânia será o principal assunto.
Em entrevista coletiva, Kerry afirmou ter pressionado Lavrov a forçar os separatistas a aceitar o cessar-fogo, sob a ameaça de ampliar as sanções contra a economia russa, e pediu a aplicação da trégua.
"Se isso não acontece, se continuamos a manter esses padrões de não cumprimento, serão inevitáveis as consequências contra a já combalida economia russa", disse.
Por outro lado, o chanceler russo pediu que as autoridades ucranianas que levantem o bloqueio econômico e de pessoas ao leste do país e se distancie do que chamou de "extremistas ocidentais".
Nesta terça, o Exército da Ucrânia disse que os rebeldes continuam a receber armas da Rússia e que violaram o cessar-fogo 32 vezes na última semana e que um soldado morreu nas últimas 24 horas em territórios dominados por separatistas.