Conflito

Exército iraquiano inicia ofensiva para retomar Tikrit dos jihadistas

Operação, uma das mais ambiciosas do exército iraquiano para recuperar uma área conquistada pelo EI desde junho, começou na manhã de segunda-feira

Da AFP
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Publicado em 02/03/2015 às 7:13
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Operação, uma das mais ambiciosas do exército iraquiano para recuperar uma área conquistada pelo EI desde junho, começou na manhã de segunda-feira - FOTO: Foto: AFP
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Atualizada às 12h03

Trinta mil soldados iraquianos e milicianos apoiados pelo ar atacavam nesta segunda-feira posições jihadistas em Tirkit e seus arredores, ao norte de Bagdá, na maior ofensiva lançada até agora para recuperar um dos principais redutos do grupo Estado Islâmico.

"As forças de segurança avançam em três direções a Tikrit, Ad Dawe (no sul) e Al Alam (no norte)", declarou por telefone à AFP um coronel do exército iraquiano.

"Caça-bombardeiros, helicópteros e artilharia se dirigem a Tirkit para assegurar o avanço (das forças pró-governamentais) e cortar as vias de abastecimento", disse.

Fontes militares reportaram que aviões iraquianos participavam da operação, mas não está claro se a ofensiva também conta com um apoio aéreo estrangeiro, iraniano ou da coalizão internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos.

Segundo o coronel, as forças do governo "também avançam por vias secundárias com o objetivo de impedir uma fuga do Daesh (acrônimo do grupo jihadista em árabe)", que controla a cidade natal do ditador iraquiano executado Saddam Hussein há nove meses.

O grupo EI havia se apoderado desta cidade em junho, aproveitando-se de um ataque no norte e no oeste do Iraque, onde o grupo extremista sunita impõe sua lei e multiplica as atrocidades, como nos territórios que controla na vizinha Síria.

Esta operação militar é uma das mais ambiciosas lançadas por Bagdá para fazer os jihadistas recuarem e começou na madrugada desta segunda-feira, depois de ter sido anunciada na véspera pelo primeiro-ministro, Haider al-Abadi.

"O objetivo é, certamente, terminar de libertar a província para permitir o retorno dos deslocados", disse à AFP Abdel Wahab Saadi.

"Mas também é um trampolim para a libertação de Mossul", segunda cidade do país e capital iraquiana do EI, 350 km ao norte de Bagdá.

Segundo o coronel iraquiano, as forças envolvidas na batalha de Tikrit estão integradas por exército, polícia, unidades antiterroristas, grupos de voluntários pró-governamentais, conhecidos sob o nome de Unidades de mobilização popular, e tribos locais sunitas hostis ao EI.

Na região também se encontra o general iraniano Ghassem Suleimani, comandante da Força Qods, uma unidade de elite do exército iraniano, que colabora na coordenação das operações, indicaram meios de comunicação iranianos e iraquianos.

Vingança

A partir de Samarra, a outra grande cidade da província de Saladino, o primeiro-ministro iraquiano convocou no domingo as forças pró-governamentais a proteger a população civil durante a ofensiva.

"A prioridade que fixamos ao exército e às forças que o ajudarão é a de preservar a segurança dos cidadãos", indicou Abadi, que queria salvaguardar a segurança dos habitantes de Tikrit, principalmente sunitas, que temem as represálias por parte das forças de segurança se os jihadistas forem finalmente expulsos da região.

Hadi al-Ameri, comandante das Unidades de mobilização popular e figura central da luta no Iraque contra o EI, havia solicitado à população de Tikrit que abandonasse a cidade em 48 horas, para vingar Speicher.

Speicher é uma base militar próxima a Tikrit onde várias centenas de novos recrutas, principalmente xiitas, foram capturados antes de ser executados nos últimos dias da ofensiva do EI no Iraque.

As milícias xiitas, em particular, sempre prometeram vingar as execuções de Speicher, provocando o medo de um possível massacre contra a população sunita se Tikrit for recuperada.

Por outro lado, certas tribos sunitas da região foram acusadas de estar envolvidas no massacre de Speicher. No domingo, Abadi se dirigiu aos habitantes de Tikrit para pedir que se voltassem contra os jihadistas.

"Faço um apelo a todos os que se equivocaram e cometeram erros para que deponham as armas hoje. Esta pode ser a última oportunidade", declarou, sugerindo a possibilidade de uma anistia para alguns dos habitantes que tenham ido para o lado do EI.

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