O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, o jordaniano Zeid Raad al-Hussein, voltou a criticar nesta quinta-feira (5) a situação de repressão policial e prisões políticas de opositores na Venezuela.
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Ao apresentar o relatório anual da comissão, ele fez críticas a 38 países que são incluídos no documento por serem acusados de violações de direitos humanos, aos quais chamou de "países preocupantes pelo contexto de redução do espaço democrático".
No caso venezuelano, mostrou preocupação com o uso de munição letal contra manifestantes, aprovado em janeiro e que já levou à morte do adolescente Kluyberth Roa, 14, em um protesto em San Cristóbal, no oeste do país, em 24 de fevereiro.
"Sigo muito preocupado pela deterioração da situação dos direitos humanos na Venezuela, particularmente as duras respostas do governo às críticas e expressões pacíficas de divergência."
Outro ponto citado por Hussein é a "a intimidação e campanhas públicas, incluídas por altos funcionários do governo, contra defensores dos direitos humanos".
"Estou especialmente preocupado pela contínua detenção de líderes da oposição e de manifestantes, frequentemente por longos períodos", concluiu, em referência às detenções do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e de Leopoldo López.
Em outubro, Hussein já havia pedido a libertação de López e de outros 69 opositores ao divulgar um relatório específico sobre as violações de direitos humanos durante os protestos na Venezuela.
Além do país, o alto comissário da ONU para Direitos Humanos incluiu Arábia Saudita, China, Egito, Mianmar, Rússia, Tailândia e Turquia na lista de "países preocupantes pelo contexto de redução do espaço democrático".
Na América Latina, ainda foram citados o México e a América Central devido ao aumento dos vínculos políticos com o crime organizado, citando como exemplo o desaparecimento dos 43 estudantes da escola normal de Ayotzinapa.
CHÁVEZ
As declarações são feitas no mesmo dia em que completa dois anos da morte do ex-presidente Hugo Chávez. No período, a situação econômica e política do país, agora dirigido por Nicolás Maduro, se deteriorou.
O governo foi alvo de protestos no ano passado, que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio, do crescimento da escassez de produtos básicos e da inflação que, em 2014, passou de 60%.
Nesta sexta, os chanceleres de Brasil, Colômbia e Equador e o presidente da Unasul se reunirão em Caracas para tentar uma nova negociação para um diálogo entre o governo de Maduro e os opositores.