A Promotoria da Argentina ingressou nesta quinta-feira (19) com um pedido para reabrir o caso que era investigado por Alberto Nisman antes de sua morte.
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O promotor argentino apurava se a presidente Cristina Kirchner e seus aliados teriam tentado encobrir suspeitos iranianos por um atentado em Buenos Aires, em 1994, em troca de vantagens financeiras.
No processo, Nisman fala em vantagens comerciais para a Argentina, que poderia vender grãos ao Irã e comprar petróleo mais barato. Mas reportagem da revista "Veja", com ex-integrantes do governo de Hugo Chávez, da Venezuela, sugere que o acordo poderia incluir também o pagamento de propina a integrantes do governo em troca de tecnologia nuclear.
Após a morte de Nisman, o juíz Daniel Rafecas decidiu fechar o processo, mas a promotoria recorreu. O caso começou a ser analisado nesta quinta pela Câmara Federal, uma espécie de segunda instância da Justiça argentina. Os juízes têm até cinco dias para decidir se mantêm ou não a investigação de Nisman.
Responsável pela apelação, o promotor Germán Moldes argumentou que a decisão foi apressada.
"Um magistrado inusualmente apressado diminuiu todo um trabalho processual e chegou a uma conclusão fatal, sem permitir a materialização de prova alguma [que comprovasse] a ausência de delito", escreveu.
O argumento de Rafecas, para fechar a causa, era que o principal indício de crime, a suposta tentativa de retirada dos alertas vermelhos da Interpol dos iranianos, nunca foi alcançado. Para a promotoria, isso não significa que não tenha sido tentado, logo haveria crime.
Como há feriado na Argentina na próxima semana, a decisão da Justiça poderá ficar para o dia 30 de março.
FOTOS
Um dia depois do vazamento de fotos privadas de Nisman, que estavam em seu celular, o governo defendeu a Polícia Federal.
A juíza responsável pelo inquérito sobre a morte do promotor mandou apreender aparelhos celulares de policiais federais com o argumento de que teriam vazado informação secreta.
As fotos de Nisman ao lado de mulheres caíram na internet na quarta (18) e foram usadas por governistas para criticar o promotor, que investigava o governo até aparecer morto em um caso ainda sem explicação.
A Justiça afastou a Polícia Federal do caso, e o trabalho deverá ser tocado pela polícia metropolitana, submetida ao governo da cidade de Buenos Aires, administrada pela oposição.
O secretario de segurança do governo, Sérgio Berni, defendeu nesta quinta a Polícia Federal e disse que os documentos estavam lacrados. Ele afirmou que todas as cópias foram feitas na frente de funcionários da promotoria e sugeriu que o vazamento possa ter partido de lá.