Atualizada às 10h53
O presidente sírio, Bashar al-Assad, admitiu nesta quarta-feira pela primeira vez que o exército do país sofreu derrotas, mas garantiu que a guerra contra os rebeldes não está perdida.
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"Não falamos de dezenas nem de centenas, e sim de milhares de batalhas e é da natureza das batalhas que aconteçam avanços e retiradas, vitórias e derrotas, altos e baixos", disse em Damasco, por ocasião do Dia dos Mártires.
"Hoje, combatemos em uma guerra e uma guerra não é uma batalha, e sim uma série de batalhas", completou, em um discurso pronunciado em um colégio para filhos de soldados mortos em combate.
O exército sírio perdeu em pouco mais de um mês Idleb e Jisr al-Shugur, duas cidades importantes do norte. Na região sul, perdeu o último posto que controlava na fronteira com a Jordânia. Além disso, as tentativas de avançar na região de Damasco resultaram em fracasso. Assad tentou transmitir uma mensagem tranquilizadora aos partidários, desmoralizados pelas derrotas.
"Nas batalhas, tudo pode mudar, com exceção da fé nos combatentes e da fé do combatente na vitória. Além disso, quando acontecem reveses devemos, como sociedade, cumprir com nosso dever e apoiar moralmente o exército e não esperar que seja ele que o faça", insistiu.
Pediu ainda o fim do "espírito de frustração e de desesperança depois de uma perda aqui ou ali". Sem reconhecer oficialmente a perda de Jisr al-Shughur, Assad prestou homenagem às forças do regime que estão cercadas pelos rebeldes em um hospital da zona sul da cidade.
"O exército chegará em breve até os heróis no hospital de Jisr al-Shughur", disse. Há duas semanas, 150 soldados estão cercados no hospital e lutam contra a Frente Al-Nosra (braço sírio da Al-Qaeda) e outros rebeldes islamitas.
No cenário internacional, Assad chamou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de "assassino" e o comparou a um governador otomano conhecido como "açougueiro", que em 1916 enforcou nacionalistas árabes em Damasco e Beirute.