A presidente argentina, Cristina Kirchner, defendeu a decisão de seu governo de não abonar os fundos especulativos, contrariando a sentença de um juiz americano, em um ato celebrado nesta quarta-feira no Museu das Malvinas.
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A chefe de Estado lembrou que em 16 de junho fará um ano da sentença do juiz federal de Nova York, Thomas Griesa, que determinou à Argentina o pagamento de US$ 1,330 bilhão para um grupo de credores.
Mas na semana passada, a dívida chegou a 6,53 bilhões de dólares mais com outra sentença do mesmo magistrado, que favoreceu 500 demandantes para que cobrem 100% da dívida em dinheiro.
A quantia pode chegar aos 20 bilhões de dólares, se forem somados outros detentores de títulos em default.
"Vamos sustentar uma e mil vezes que estamos dispostos a pagar cem por cento aos nossos credores em condições legais, legítimas e equitativas para todos", reforçou Kirchner.
A Argentina ofereceu duas trocas ('swaps') de títulos da dívida, uma em 2005 e outra em 2010, às quais aderiram 93% dos detentores de bônus.
A chefe de Estado lembrou que no país muitos, entre eles, candidatos às presidenciais de outubro próximo, diziam seria preciso pagar "imediatamente e à vista" a decisão de Griesa.
"Mas há poucos dias cumpriu-se o que tínhamos anunciado. Incorporaram outros fundos abutre e são 20 bilhões o que tem que ser pago", disse, ressaltando que esta quantia é "o que tem que ser pago, não o que vamos pagar".
Segundo Kirchner, se pagasse o que determina a sentença da justiça americana, seu país "estaria pagando a 7% dos credores quase a metade do que pagamos aos 93% que confiaram na Argentina".
O total das reservas do Banco Central da Argentina chega a pouco mais de 33 bilhões de dólares.
"Nas reuniões com os fundos e seus representantes, dissemos que não podíamos pagar esta quantia, não só porque era uma usura inaceitável, mas porque era uma afronta a todos os credores que aceitaram a reestruturação", disse Kirchner.
O governo anunciou na sexta-feira, a poucas horas da divulgação da decisão de Griesa, que apelaria da decisão, através de um comunicado do ministério da Economia.
Esta é a primeira reação da presidente sobre a sentença, pois na quinta-feira ela viajou à Itália para se reunir com o papa Francisco e assistir à assembleia plenária da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).